Antonio Carlos Trommer Resende (1929-2015)
O rádio, a literatura e um amor de adolescência
Antonio Carlos Resende ganhou fama entre os conterrâneos gaúchos pelo vozeirão e pela escrita. Apesar da diferença entre as duas formas de expressão, imprimiu, em ambas, estilos inovadores.
Ao narrar jogos de futebol, ia aumentando gradativamente o tom de voz. Tinha um fôlego impressionante.
Já em seus livros --o primeiro foi "Magra, mas Não Muito, as Pernas Sólidas, Morena" (L&PM)-- tratou com frequência sobre erotismo, temática não muito popular na literatura gaúcha no final dos anos 1970, quando começou a escrever.
Antes de abraçar as letras, sua grande paixão foi o rádio. Teve uma curta passagem pela TV Educativa do Estado, mas fez carreira nas emissoras Farroupilha e Gaúcha. Por cerca de cinco anos, ainda emprestou seu talento à rádio Nacional, no Rio.
Cobriu, in loco, Copas como a do Chile (62) e a do México (70) --para sua alegria, o Brasil levou essas duas.
Começou a namorar Yolanda quando tinha apenas 16 anos e ainda vivia na terra natal, Cachoeira do Sul.
Mudou-se para a capital para terminar o colégio e cursar a faculdade --formou-se em direito na UFRGS (federal do Estado), profissão que nunca exerceu--, mas voltou para se casar com ela.
Apesar de conhecido por sua voz, Antonio era um tanto silencioso quando estava em casa, distraindo-se com a leitura, conta a mulher.
Morreu no sábado (7), aos 85 anos, de infecção pulmonar. Sem filhos, deixa pronto seu 13º livro, a ser publicado.
A missa do sétimo dia será rezada hoje (12/2), na igreja Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre.