Eucalipto e pasto ocupam áreas de preservação
Pelo Código Florestal, a beira de rios, represas e nascentes deve contar com uma faixa de 30 a 100 metros de vegetação nativa.
São as matas ciliares, que deveriam proteger da erosão e do assoreamento como cílios protegem os olhos de grãos de poeira.
Essas áreas de preservação permanente estão em péssima situação na região do sistema Cantareira.
A maioria está ocupada por pastagens degradadas (49%) ou plantações de eucalipto (11%), segundo estudo do Ipê (Instituto de Pesquisas Ecológicas) com imagens de satélite.
Pastos degradados favorecem a erosão. Com mais gado do que a produção de capim aguenta, o pisoteio constante compacta o solo, que acaba ficando mais impermeável.
Quando chove, a água escorre pela superfície em vez de se infiltrar. A enxurrada leva terra ao fundo dos rios e represas, diminuindo o volume de água.
Estima-se que centenas de milhares de toneladas de sedimentos se acumulam nos rios e reservatórios do Cantareira a cada ano.
Como quase metade da bacia do sistema está coberta de pastagens, é irrealista pensar em acabar com elas. "Um cenário em que tudo é floresta é economicamente inviável", diz Oscar Sarcinelli, economista ambiental do IPÊ.
Uma saída, implantada em um projeto do IPÊ é uma pecuária de menor impacto. Nele, há uma rotação do gado entre piquetes para permitir que o capim se recomponha.
Os pés de eucalipto, por sua vez, consomem água quando crescem, como toda planta.
Cortados para abastecer fornos de pizzarias e padarias de São Paulo, ou para virar pasta de celulose usada em fábricas de papel, voltam a crescer e a consumir água.
ÁRVORES
O número de mudas necessárias para recuperar áreas que não deveriam estar desmatadas na bacia que alimenta o Cantareira é estimado em 34 milhões.
A quantidade é equivalente a uma árvore e meia para cada morador da Grande São Paulo.
Os projetos existentes de recomposição de mata atlântica não chegam perto de começar a resolver o problema.