Disputa para guardar bicicleta tem fila de espera na zona leste
Ciclista relata demora de até 40 minutos pela manhã para conseguir espaço em bicicletário do Jardim Helena
Prefeitura planeja 400 km de ciclovias até 2016 e diz que usuário ainda está se adaptando com a modalidade
O bicicletário Jardim Helena-Vila Mara, no extremo leste, é o mais cheio de São Paulo. A disputa por uma vaga é tão grande que costuma formar filas de 30 minutos das 8h às 10h, em dias úteis.
A auxiliar administrativa Talia Rodrigues Batista da Silva, 18, disse que já esperou até 40 minutos para guardar a bicicleta no local às 9h.
"Uma vez eu estava atrasada e preferi deixar ela [bike] amarrada nos blocos [da parede] do bicicletário. Eles têm de aumentar o número de vagas porque a procura só aumenta todo dia", disse.
O interesse, segundo moradores, cresceu após a inauguração de uma ciclovia na região, em outubro de 2014.
O maquinista Nilton Barbosa Marcelino diz que a faixa exclusiva trouxe confiança para o ciclista. "Da minha casa até a estação gasto dez minutos de ônibus ou de bicicleta. Prefiro pedalar e ainda economizar R$ 3,50."
Nem as saias compridas que costuma usar impedem as pedaladas da monitora de qualidade Simone Leal Domingo, 40. Na terça (3), fez cadastro para usar o bicicletário do Jardim Helena. "Eu estava grávida, mas antes de voltar a trabalhar resolvi me inscrever para guardar minha bicicleta antes de pegar o trem."
ADAPTAÇÃO
A meta da gestão Fernando Haddad (PT) é construir 400 km de faixas exclusivas para os ciclistas até o fim do mandato (258 km já foram entregues). Em 2014, a prefeitura inaugurou 18 bicicletários, com 1.042 vagas --independentes dos de Metrô e CPTM.
Ela diz que a política cicloviária em implantação é de caráter universal, abrangendo todas as regiões, que o usuário ainda está se adaptando para usufruir dessa modalidade de transporte.
Uma pesquisa Datafolha divulgada em fevereiro deste ano revelou que caiu o número de pessoas que dizem usar bicicleta todos os dias (10% para 6%), de três a quatro vezes por semana (de 12% para 10%) e de uma a duas vezes por semana (42% para 34%).
Os dados foram obtidos em comparação com levantamento feito entre 16 e 17 de setembro do ano passado.
"Tudo demanda adaptação e mudança do estilo de vida. Em Nova York, por exemplo, demorou dez anos para que a bicicleta fosse usada como meio de transporte após a implantação de ciclovias", diz Meli Malatesta, doutora pela USP em mobilidade não motorizada.