Sonia Roiter Stycer (1928-2015)
Descobriu a literatura após os 80
Ao completar 80 anos, Sonia Roiter Stycer resolveu colocar no papel as memórias de uma vida bastante agitada e, em alguns momentos, muito difícil. Daí resultou um livro, que circulou apenas entre familiares e amigos, intitulado "Minha Vida".
A experiência, porém, acendeu uma chama. Em 2010, publicou "Mistério no Orfanato", um romance policial passado na Inglaterra, inspirado em suas leituras de Agatha Christie e P.D.James.
No ano seguinte, voltou-se para um mundo que conhecia bem, o Rio de Janeiro dos anos 1950, e publicou "A Procura por Isabel", um mistério ambientado em Copacabana.
As histórias desde então foram protagonizadas por diferentes delegados e detetives em Botafogo, Tijuca e Flamengo. Em 2012, publicou "A Chave do Crime" e, no ano seguinte, "A Morta do Lago".
Aos 85, concluiu o quinto romance, "A Vida Trágica da Aeromoça Alice", inspirado em episódios que viveu como secretária-executiva da Panair.
Com as economias desse trabalho, comprou um pequeno apartamento em Copacabana, que alugava para estrangeiros. Foi assim que a filha de judeus ucranianos conheceu o americano nascido na Polônia Boruch, hoje com 98 anos, com quem foi casada por 55.
Antes de descobrir a literatura, foi professora de inglês e criou uma linha de bijuterias. Por mais de cinco décadas, fez trabalho voluntário.
Até o fim da vida, andava pelo Leblon com um Fiesta roxo 1998. Morreu no domingo (8), aos 86, de complicações de uma cirurgia. Além do marido, deixa os filhos Mauricio, colunista da Folha, e Daniel e dois netos --e um sexto romance policial.