Haddad 'atrapalha' base, diz presidente da Câmara de SP
Declaração de Antônio Donato, também do PT, ocorre após prefeito reclamar que vereadores deixam projeto parado
Rebelião do PMDB atinge a Casa, com vereadores do partido ausentes nas votações; prefeito não comentou
A rebelião do PMDB, principal partido aliado da presidente Dilma Rousseff (PT), atingiu também a Câmara Municipal de São Paulo.
Mostrando insatisfação com Fernando Haddad (PT), vereadores do partido, que integra a base de apoio do prefeito, não entram em acordo para votação de projetos.
Essa crise foi explicitada nesta quarta (11) pelo presidente da Casa, o também petista Antônio Donato, que, ao comentar declaração de Haddad, disse que o prefeito até atrapalha sua própria base.
Mais cedo, Haddad havia reclamado que o projeto que cria cargos na Controladoria Geral do Município, órgão responsável por investigar servidores, está parado na Casa desde o ano passado.
"Quando o prefeito joga a responsabilidade para a Câmara com uma base frágil como esta, ele atrapalha, provoca uma reação", disse.
"O prefeito precisa cuidar da sua base. A gente levou na conversa até agora, mas o problema continua."
A declaração vem do ex-braço direito de Haddad. Donato deixou a secretaria do Governo após ser citado na Máfia do ISS, no ano passado. Ele nega envolvimento e diz que saiu para se defender. Não houve denúncia à Justiça.
Haddad não comentou.
VOTAÇÕES
Nesta quarta, por exemplo, três dos quatro vereadores do PMDB não foram à Câmara para votar a liberação para venda, por até R$ 70 milhões, de uma área municipal onde funciona um hospital privado por meio de concessão.
Só esteve presente Rubens Calvo, que subiu à tribuna justamente para reclamar de Haddad. "O PMDB precisa ser mais valorizado, e os acordos precisam ser honrados."
O texto da venda acabou aprovado, mas graças a um acordo com a oposição, já que o PSDB votou favoravelmente. O valor será investido na construção de um hospital na Vila Brasilândia (zona norte).
Outro exemplo da rebelião peemedebista na Casa ocorreu na semana passada. O partido não votou nem o projeto que institui a multa por desperdício de água nem o que cria cargos na controladoria.
Sozinho, o PMDB não emperra votações, mas pode levar outros partidos a isso.
A legenda pleiteia secretarias. Hoje, tem três: Assistência Social, Educação e Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida. Líderes do partido em São Paulo, os vereadores Ricardo Nunes e Nelo Rodolfo indicaram nomes para a pasta de Segurança Urbana, mas não foram atendidos.
Calvo e Rodolfo se reuniram com Haddad, mas não falaram da crise. O secretário de Relações Governamentais, Alexandre Padilha, porém, chamou-os e reclamou que não estavam na Câmara para votar o projeto da venda do terreno.
Haddad deve ser candidato à reeleição em 2016. Na mais recente pesquisa Datafolha, em fevereiro, sua popularidade vinha em queda, com 44% de ruim/péssimo, 33% de regular e 20% de ótimo/bom.