Greve de professores já afeta alunos em SP; governo diz que não negocia
Escolas dispensam estudantes mais cedo; Estado afirma não ter como discutir salário agora
Gestão Alckmin diz que só 2,5% dos docentes faltaram; sindicato, que pede 75% de aumento, fala em adesão de 60%
A greve dos professores da rede estadual começou a afetar a rotina de algumas escolas de São Paulo, onde alunos são dispensados mais cedo ou ficam com aulas vagas.
O governo Geraldo Alckmin (PSDB), por sua vez, descarta a possibilidade de se reunir com os docentes para discutir qualquer tipo de reajuste salarial neste momento.
"Não vou negociar isso agora. Nem tenho como", disse à Folha Herman Voorwald, secretário da Educação, que afirma ter sido surpreendido pelo movimento. Segundo ele, só a partir de abril é possível avaliar a situação econômica do Estado para debater um aumento.
A greve iniciada na semana passada reivindica, entre outras coisas, reajuste de 75%. O salário-base da categoria é de R$ 2.416 --na jornada de 40 horas, para professores do ensino médio.
A Folha visitou na manhã desta terça-feira (24) dez escolas no centro e na zona norte da capital e, em três delas, obteve relatos de que a paralisação começou a comprometer aulas nesta semana.
Duas do centro (Padre Anchieta e Caetano de Campos)liberaram alunos uma hora e meia antes do normal. Funcionários e estudantes disseram à reportagem que a dispensa era pelo segundo dia consecutivo, com a justificativa de greve dos docentes.
Em uma terceira unidade (João Kopke), dois terços dos professores não haviam comparecido, segundo funcionários. Os alunos ficaram dentro das salas, sem aula.
A Secretaria da Educação disse que os colégios chamarão, a partir desta quarta (25), professores eventuais para cobrir as ausências. Na semana passada, a Folha visitou escolas na zona sul, mas não havia impactos. O Estado possui em torno de 5.300 colégios.
A Secretaria da Educação do governo Alckmin afirma que as ausências dos professores estão constantes, próximas de 2,5%, conforme os índices de faltas enviados diariamente pelas escolas.
Já a Apeoesp (sindicato dos professores) diz que a adesão à paralisação cresce e está em 60%, conforme dados levantados por suas sub-sedes.
O secretário Voorwald afirmou ter apresentado ao sindicato a intenção de, a partir do mês que vem, elaborar um plano de reajustes para os próximos quatro anos, com base no desempenho econômico e na arrecadação do Estado. "Todos tinham concordado. Fui surpreendido pela deflagração da greve."
A presidente da Apeoesp (sindicato filiado à CUT), Maria Izabel Noronha, nega.