Incêndio em Santos restringe acesso de caminhões ao porto
Gabinete de crise para conter fogo decidiu vetar cargas para deixar trecho liberado no caso de emergência
Medida que pode valer até sexta provocou congestionamentos; polícia fazia triagem de carretas nas estradas
O gabinete de crise instalado na Baixada Santista para conter a expansão do incêndio iniciado na quinta (2) decidiu restringir a entrada de caminhões ao porto de Santos, uma das principais vias de escoamento da produção agrícola e industrial do país.
A proibição de acesso pela margem direita do porto foi definida após a continuidade das chamas que atingem tanques de combustíveis num depósito da Ultracargo.
A medida que pode valer até sexta (10) provocou congestionamento de caminhões no acesso ao litoral paulista. No Rodoanel e demais estradas, a Polícia Rodoviária fazia triagem de caminhões.
O vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), afirmou que a proibição era necessária para deixar o entorno do incêndio livre no caso de emergência, como um vazamento de combustíveis. "Com tudo aquilo forrado de caminhões, se precisar deslocar dez ambulâncias para lá você vai levar horas."
Na prática, a decisão atinge a maior parte dos caminhões que se dirigem ao porto de Santos, de acordo com a Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo). A medida só não vale para a margem esquerda do porto, que opera normalmente.
Segundo a Codesp, entre 9.000 e 12 mil caminhões circulam diariamente pela margem direita do porto de Santos, onde há 38 dos 55 terminais do complexo portuário.
Apenas serão liberados caminhões com medicamentos e alimentos perecíveis --que representam de 5% a 7% dos veículos. Nesses casos, eles serão escoltados pela polícia.
O incêndio no depósito da Ultracargo foi reduzido depois de cinco dias, mas dois tanques de gasolina ainda estavam em chamas. A presidente Dilma Rousseff pediu que a Força Aérea Brasileira e a Infraero coloquem equipes à disposição para ajuda no combate ao fogo.
A restrição aos caminhões foi informada de manhã pelo secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. O gabinete de crise é formado pelos governos estadual e federal, bombeiros e Prefeitura de Santos.
Diante da restrição, a Codesp estudava fazer transporte dos contêineres pela via ferroviária. Os carregamentos estavam sendo estocados no parque de armazenagem do porto. Em um terminal, as operações chegaram a parar --afetando nove navios.
O secretário apelou a empresas transportadoras para que deixem de enviar caminhões para Santos até a situação ser normalizada. "Então as empresas devem se programar, os terminais devem se programar, porque isso é um motivo de força maior."
Segundo a Codesp, para que outros caminhões utilizem a margem esquerda do porto é preciso haver acordo comercial entre as empresas.