Therezinha de Jesus Brossi (1930-2015)
A filantrópica dona da 'casa de misericórdia'
A tradição mineira de receber todos de "porteira aberta" foi seguida à risca por Therezinha de Jesus Brossi em sua residência na Vila Nova Conceição, zona sul de SP, onde morou por mais de 40 anos.
Nascida em Varginha, sul de Minas, a dona de casa amparava amigos doentes --e até amigos de conhecidos--, só os deixando partir quando plenamente recuperados, sem cobrar nada em troca.
Houve quem ficasse por anos na "casa de misericórdia", como o lar ficou conhecido entre os mais próximos.
Mudou-se para a capital paulista aos nove anos, depois de a crise econômica da Grande Depressão de 1929 e a Revolução Constitucionalista de 1932 obrigarem a família de Therezinha a migrar.
Penúltima entre 16 irmãos, estudou no tradicional colégio Anglo-Latino, fechado em 2005, ali cultivando o gosto pela poesia. Era aficionada por Olavo Bilac e recitava seus poemas de cabeça, sendo "Ouvir Estrelas" o preferido.
Após casar-se com Nelson Brossi, ex-presidente do núcleo de seguros do banco Bradesco, deixou o emprego administrativo na Porto Seguro. Chamava o marido, já falecido, de "meu italiano de olhos verdes" e o aconselhava sobre problemas profissionais.
Amava vinhos, especialmente os suaves, que acompanhavam o filé de bacalhau com legumes, prato preferido nas reuniões de amigos e familiares que fazia em casa.
Há 4 meses, descobriu uma osteomielite (infecção óssea). Teve que passar por oito cirurgias e ficou duas semanas em coma. Morreu por falência de múltiplos órgãos, aos 84 anos. Deixa dois filhos, quatro netos e quatro bisnetos.