Reintegração em prédio de Eike acaba em tumulto
Edifício estava ocupado por 300 sem-teto no Rio
Polícia entrou no prédio após fogo em colchões; PM foi preso por usar spray contra homem que carregava criança
A reintegração de posse de um edifício no Rio arrendado ao empresário Eike Batista e invadido há uma semana por sem-teto acabou em incêndio, tumulto e a prisão de um PM suspeito de usar spray de pimenta contra um homem que levava uma criança de colo.
O prédio Hilton Santos, na av. Rui Barbosa, no bairro do Flamengo (zona sul), havia sido invadido uma semana atrás por um grupo de aproximadamente 300 sem-teto.
Com 24 andares e inaugurado em 1954, ele pertence ao clube Flamengo e foi arrendado para Eike construir um hotel cinco estrelas, com 350 quartos --cujas obras, porém, nunca chegaram a começar.
Policiais do Batalhão de Choque chegaram ao local às 6h para cumprir a reintegração de posse. Às 10h, os sem-teto aceitaram sair do imóvel depois de negociar com defensores públicos. Na saída, começou a confusão.
Alguns ocupantes atearam fogo a colchões no primeiro andar. O incêndio foi controlado rapidamente, sem deixar feridos, mas acabou resultando na invasão do prédio pela polícia e bombeiros.
Diante da correria e do tumulto do lado de fora, policiais usaram spray de pimenta e detiveram dois sem-teto suspeitos de arremessar pedras contra carros da polícia.
O comandante da tropa deu voz de prisão a um policial, por entender que "houve uso excessivo da força" no direcionamento de spray de pimenta contra Carlos Alessandro Souza, 35, que levava uma criança de colo.
A mulher de Souza estava grávida --e deu à luz num banheiro do prédio, segundo moradores, horas antes da reintegração de posse.
Fernanda da Silva Pessoa, 34, que estava no quinto mês de gestação, teve um menino, que estava internado em uma UTI neonatal.
Após a saída do edifício, cerca de 80 sem-teto montaram acampamento em uma praça em frente ao local, onde pretendiam passar a noite.