Dia dos internos é preenchido com aulas e esportes
Nos 151 centros socioeducativos do Estado de São Paulo, os internos de 12 a 17 anos (que ficam detidos por até três anos) têm aulas do currículo escolar pela manhã.
A tarde é preenchida com oficinas --artísticas, culturais, esportivas e profissionais. Eles participam de todas as atividades, mas a direção observa afinidades.
Os oito garotos que participam das aulas de culinária da chef Janaina Rueda, por exemplo, são alguns dos que se saíram bem na oficina de chapeiro (para fazer hambúrguer).
A cada três meses, uma avaliação de comportamento é feita pelos agentes e enviada para o juiz. A maioria que está ali ainda tem pouco envolvimento com a criminalidade, diz Fernando Lopes, diretor da unidade Terra Nova, de Itaquaquecetuba (SP).
As entidades que dão as oficinas (feitas em parceria com cada Casa, já que elas têm gestão descentralizada) são as mesmas que podem fazer doações de livros, por exemplo.
Entre os internos, muitos contam ter aprendido de fato a ler e a escrever ali --é o caso de David, de 17 anos, na 6ª série. "Agora ele está lendo direitinho", diz sua mãe, Kátia da Cruz, 41.
Outros tomaram o gosto pela leitura lá: Cristiano, 15, aparelhos fixos nos dentes, conta ter lido 32 títulos nas duas vezes em que esteve internado por venda de cocaína.
"Nesses três meses e 17 dias em que estou aqui", conta, com exatidão, "eu li seis da Zibia Gasparetto. É a minha autora preferida", afirma, sobre a escritora médium que tem mais de 40 livros publicados no mercado.
O acervo da unidade, modesto, como admite o diretor, tem cerca de 200 títulos. Eles ficam espalhados pelos dormitórios, para os garotos lerem ao fim do dia.
No de David, entre os 22 livros para nove meninos que dormem ali, seis eram a Bíblia e um era uma biografia de Edir Macedo, líder da Igreja Universal.
Fernando faz um apelo para doações de romances juvenis e outros títulos: é só entrar em contato pelo e-mail pedagcasaterranova@funda caocasa.sp.gov.br.
Cristiano fica animado quando ouve que a reportagem vai passar o apelo adiante. "Já passei dois Natais aqui porque estava vendendo droga. Claro que dá dinheiro, mas não compensa, né? Eu quero fazer faculdade."