Faxineiro se enrola em faixa, ouve tiros e é poupado por criminosos
Funcionário da torcida disse que viu quando homens ordenaram que todos se deitassem no chão
Amigos e familiares vestiram camisetas e bonés da torcida e fizeram homenagem nas redes sociais
"Chegaram me 'aguentando' e mandaram todo mundo deitar. Falaram para eu me enrolar na faixa do Corinthians. Depois, só ouvi os tiros."
O relato, na madrugada de domingo (19), é de um faxineiro da Pavilhão Nove, que pediu para não ser identificado.
O faxineiro disse que terminava de lavar o banheiro da sede, logo após uma festa de confraternização, quando homens loiros chegaram e ordenaram que todos que estavam no local se deitassem.
Segundo a polícia, quatro pessoas conseguiram escapar, correndo para fora da sede da torcida, que fica embaixo da ponte dos Remédios, próximo à marginal Tietê, na zona oeste de São Paulo.
Os oito integrantes da torcida que sobraram, disse o faxineiro, foram obrigados a se deitar de bruços. "Aí só ouvimos tiros e apaguei. Fiquei como um morto", disse.
INDIGNAÇÃO
Olhos vermelhos, cabeças baixas, celulares conectados a redes sociais com posts com a palavra "LUTO". Em frente ao IML, amigos e parentes dos mortos vestiam camisetas e bonés da torcida.
"Mydras, volta. Por favor, não me deixa não", dizia, chorando, a mulher do músico Mydras Rizzo, 38, aquele que, mesmo ferido, ainda conseguiu correr e pedir ajuda, mas morreu no hospital.
A avó de Jonathan do Nascimento, 21, também passou pelo IML. Segundo Joselita, a família até tentava convencer o jovem a se envolver menos, mas percebeu que a torcida dava sentido para sua vida.
A namorada dele, Ana Paula dos Santos, 27, chorava e lamentava o "enterro de seu sonho". Eles planejavam se casar no ano que vem.