Ação na cracolândia é complexa, diz gestão
Prefeitura afirma que não considera índices de desistência como critério para medir a efetividade do Braços Abertos
Administração diz que aglomeração de usuários de droga na cracolândia reduziu em 80% com o programa
A gestão Fernando Haddad (PT) diz que a maior parte dos dependentes químicos da cracolândia que deixaram o Braços Abertos foi incluída em outros programas.
Outra parcela voltou para suas famílias. A administração, porém, não informou o destino de cada um deles.
Em entrevista à Folha na semana passada, a secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, Luciana Temer, disse que 41 dos dependentes retornaram para casas de familiares. A prefeitura afirmou que outros 65 beneficiários estão afastados em razão de licença-maternidade ou de problemas de saúde.
Sobre as razões da rotatividade de beneficiários, a gestão diz que há diversos fatores. "Entre eles a reunião familiar, a transferência para programas mais avançados, impedimentos sociais, psicológicos, familiares e de saúde", afirma, em nota.
O texto diz ainda que o programa "não computa índices de efetividade a partir de 'desistências' ou 'tratamento', devido à complexa dinâmica social do projeto".
Segundo a administração, apesar de ainda haver consumo de crack nas ruas, houve redução de 80% do fluxo --aglomeração de viciados.
A secretária Luciana Temer diz que a constatação foi feita pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), com base em imagens de um ônibus com câmeras de longo alcance.
Na últimas semanas, essa aglomeração de usuários tem mudado de lugar diversas vezes ao dia. Isso ocorre desde a operação do final do mês passado que acabou em conflito e removeu a chamada "favelinha", conjunto de barracos dos viciados usados também para comprar drogas.
'UTOPIA'
Para o psiquiatra Dartiu Xavier, a cracolândia é resultado da extrema exclusão social dos dependentes, e não só da presença do crack. Ele diz que não é possível acabar com a cracolândia.
"É utópico pensar que vai acabar a cracolândia. O que podemos é ter medidas para dar a essa população algum alívio para não viver uma situação de tanta miséria e exclusão", diz o psiquiatra.
A prefeitura informou também que entre 70% e 80% dos participantes do programa relataram ter reduzido o consumo da droga.