Estrella D'alva Benaion Bohadana (1950-2015)
Ficou presa com Dilma na ditadura
"Quando, há 42 anos, eu estava saindo da prisão, prometi a mim mesma que jamais faria um pacto com o silêncio." Assim começa o depoimento prestado em 2014 por Estrella D'alva Benaion Bohadana à Comissão da Verdade, em Volta Redonda (RJ).
Na ocasião, Estrella relatou as torturas a que os militares a submeteram de 1970 a 1972, quando passou pelos porões da ditadura militar naquela cidade, no Rio e em SP.
Choques elétricos na língua, na vagina e nos seios, agressões sexuais, espancamentos e sessões no pau de arara viraram a rotina da estudante de arquitetura de 19 anos, presa por militar no Polop-POC, grupo de esquerda.
Contava que o "vozeirão" da presidente Dilma Rousseff (PT), sua vizinha de cela no DOI-Codi do Rio, fez com que os militares levassem Estrella, que teve as costelas quebradas e estava impossibilitada de andar, para o hospital.
Declarou ter cortado os pulsos com uma embalagem de pasta de dentes para poder sair da prisão, e que chegou a ter quase 30 kg por causa da comida ruim e da violência.
Em 1973, a manauara concluiu o curso de arquitetura e foi aprender flamenco, que dançou a vida toda para fortalecer as pernas, que nunca se recuperaram das agressões.
Projetou edificações por anos. Depois, doutorou-se em Comunicação Social e se tornou professora de filosofia da educação da UERJ e da Universidade Estácio de Sá. Em 2008, foi anistiada e indenizada pelas perseguições.
Em janeiro, foi diagnosticada com um câncer no pâncreas, que a vitimou no dia 11. Deixa marido, dois filhos, dois netos, a mãe e dois irmãos.