Hospitais já somam casos da doença entre crianças
Auge do contágio, porém, será no inverno
A temporada de gripe já começou, e os primeiros a sofrer são as crianças.
Elas têm o sistema imunológico mais frágil, vivem mais aglomeradas, nas escolas, e também trocam fluidos mais facilmente --com o "empréstimo" de chupetas e mamadeiras, por exemplo. Além disso, as crianças têm carga viral maior e contagiam os outros por mais tempo.
No Hospital Infantil Sabará, em São Paulo, os casos de gripe começaram a aparecer neste mês. "Até agora, tivemos uns dez casos de gripe A (H3N2) diagnosticados por meio de exame", afirma Francisco Ivanildo de Oliveira, infectologista do hospital.
Um médico consegue diferenciar, pelos sintomas, a gripe de um resfriado comum. O tipo de gripe, porém, só é confirmado por meio de exame que analisa uma amostra de secreção do paciente.
No hospital Albert Einstein, o pronto-socorro também já começou a receber pacientes com gripe A. "Atendemos pacientes com gripe A (H1N1), mas foram mais casos de A (H3N2)", afirma o infectologista Jacyr Pasternak. Nenhum deles precisou de internação.
O auge da temporada da gripe ainda não chegou, porém. A Folha esteve em três hospitais particulares e um público da região central da cidade e a maioria dos casos de infecção não eram gripe.
Segundo Oliveira, do hospital Sabará, o mais comum é o vírus sincicial respiratório, que atinge recém-nascidos e crianças pequenas e, na maioria dos casos, provoca sintomas mais leves, similares aos de um resfriado
Para os adultos, a gripe entre as crianças pode servir de alerta. A epidemia costuma ter início entre os pequenos e depois atinge os maiores, segundo Lúcia Bricks, diretora de Saúde Pública da farmacêutica Sanofi Pasteur.
"Os vírus do tipo B atingem a criançada umas três semanas antes dos adultos. No caso do A (H1N1), são uns dez dias antes", diz Bricks.
De acordo com o secretário-adjunto de Saúde do município, Paulo Puccini, que acaba de sair de uma gripe, os números registrados para esta época do ano estão dentro de um padrão normal.
GRIPE A OU B
Os vírus mais responsáveis pelas epidemias de gripe são o A e o B. Não há diferença de gravidade entre eles --o A só é mais transmissível.
A vacina disponível na rede pública protege contra os vírus A (H1N1), A (H3N2) e B (linhagem Yamagata).
Neste ano, porém, a campanha começou um pouco mais tarde, por demora na produção da vacina.
Todos os anos, os vírus sofrem mutações e precisam ser atualizados. "Desta vez, duas linhagens mudaram, o que levou mais tempo", afirma Lúcia Bricks, da Sanofi.
Segundo os especialistas, porém, isso não deve aumentar o número de casos.
"Ainda é hora de se vacinar. Se as pessoas se protegem nessa época, estarão imunes quando o inverno chegar de verdade", diz Sérgio Ernesto Costa Gonçalves, infectologista pediátrico do instituto Emilio Ribas.
Com a queda de temperatura, a aglomeração e os ambientes fechados facilitam a transmissão do vírus.