Clodoaldo Hugueney Filho (1943-2015)
Embaixador brasileiro que adorava a China
A memória de Clodoaldo Hugueney Filho era tão boa que chegava a ser motivo de piada entre conhecidos. Conseguia se lembrar de características específicas de personagens de livros que lera ainda na adolescência, sem errar.
Combinada com o hábito de leitura voraz, foi uma das armas para ser aprovado com 20 anos recém-feitos no Instituto Rio Branco, responsável pela seleção e treinamento dos diplomatas brasileiros.
Nasceu no Rio, onde cursou direito na PUC, mas o desejo de conhecer o mundo o fisgou para a carreira diplomática.
No fim dos anos 1960, lotado em Santiago, iniciou o mestrado em ciências econômicas na Universidade do Chile, em contato com colegas brasileiros exilados no país por causa do regime militar no Brasil.
Como embaixador, foi representante em Caracas, em Bruxelas, junto à União Europeia e na ONU, em Genebra e em Pequim, seu último posto.
Ficou muito realizado pela atuação no país oriental, alvo constante de seus interesses profissionais e pessoais. Desde abril, ocupava a Presidência do Conselho Empresarial Brasil-China.
O amor pelos netos e pela natureza o motivou a começar o livro infantil "Lagartixa Medrosa e o Lagarto Furão", inacabado e com 11 capítulos.
Gostava muito de jazz e do escritor inglês P.G. Wodehouse (1881-1975). Apreciava a alta cozinha e não dispensava churrasco, rabada e feijoada.
Encarou com vigor o pós-operatório de uma cirurgia cardíaca no início do mês, devido a um problema em uma das válvulas do coração, mas não resistiu. Morreu no dia 24, aos 72 anos. Deixa a mulher, quatro filhas e três netos.