Alfredo Sangiorgio (1922-2015)
Saxofonista brincalhão e alfaiate
Alguns dos fãs da banda punk Ratos de Porão sabem que o baixista do grupo, Juninho, aprecia muito jazz. Mas são poucos os que conhecem a origem do gosto musical: seu avô, Alfredo Sangiorgio, foi um saxofonista dedicado ao estilo, influenciando o neto.
Alfredinho, como ficou conhecido, trabalhou na orquestra da TV Record nos anos 50 e 60, tocando também na rádio da emissora. Acompanhou grandes nomes em apresentações no Brasil, como Nat King Cole e Ella Fitzgerald.
Aos 12 anos, começou a estudar música por influência do pai, sapateiro e trombonista, que lhe deu um violino. Dedicava-se ao arco quando não estava aprendendo a manejar agulha e linha em uma alfaiataria do Bom Retiro, no centro de SP, onde nasceu.
O sax veio na adolescência. Ganhou o instrumento de um de seus cinco irmãos, também músico. Desde então, começou a mostrar seu talento na noite paulistana, complementando a renda como alfaiate quando precisava.
Brincalhão, reunia-se com outros músicos da Record para pregar peças nos novatos. Pedia "aquele prato" para o garçom, que trazia rolha de garrafa à milanesa. Os colegas gargalhavam quando o calouro percebia o trote.
Em 2005, perdeu a mulher após 58 anos de casamento. Uma semana depois, teve um AVC que afetou seus movimentos. Por medo de falhar no saxofone, parou de tocar.
Estava no próprio quarto quando teve uma queda no último dia 15. Após ficar duas semanas internado, morreu no dia 31, quando completou 93 anos, por falência de múltiplos órgãos. Deixa três filhos e quatro netos.