Ciclista que perdeu braço não desistiu da avenida Paulista
Há cerca de dois anos, David Santos Sousa, 23, foi atropelado por um carro e teve o braço arrancado na avenida Paulista quando ia para o trabalho de bicicleta.
O braço direito do rapaz foi atirado em um córrego pelo motorista do veículo, o estudante Alex Kozloff Siwek.
Apesar de ter ganhado uma prótese, Sousa aprendeu a guiar a bicicleta somente com o braço esquerdo.
Neste domingo (28), ele deve estar entre as pessoas que comparecerão à inauguração da ciclovia na avenida.
O rapaz afirma já ter testado a nova via para ciclistas, já que passa quase todos os dias de bicicleta pela avenida Paulista. "Dá muita segurança [ir pela ciclovia]", avalia o jovem.
Morador da Cidade Júlia, bairro da zona sul da capital, ele utiliza a Paulista diariamente para ir até a universidade Mackenzie, na rua da Consolação, onde faz estágio.
Antes do acidente, o jovem trabalhava como limpador de vidros de edifícios. No próximo semestre, com uma bolsa de estudos, ele deve começar a faculdade de arquitetura.
No ano passado, o motorista que atropelou Sousa foi condenado a seis anos em regime semiaberto por lesão corporal.
PAULISTA
Mesmo sem a inauguração oficial, a ciclovia da Paulista já vem sendo usada por ciclistas que usam as magrelas como meio de transporte para trabalho e lazer, como mostra ensaio fotográfico feito pela Folha.
A advogada Tatiana Alves Raymundo Lowenthal, 35, roda 12 km de sua casa no Imirim, bairro da zona norte da capital, até a avenida Paulista três vezes por semana.
A bicicleta modelo dobrável fica estacionada sob a mesa de Tatiana no escritório.
Um kit com sabonetes e cremes de limpeza facial acabou virando item obrigatório, já que há ladeiras que demandam esforço da ciclista no trajeto de ida e volta
No ano passado, quando as ciclovias começaram a se proliferar, a advogada afirma que se sentiu mais segura para pedalar no caótico trânsito da capital.
"Antes eu tinha muito medo do trânsito e do clima hostil dos motoristas que jogam os carros em cima como quem diz: 'Aqui não é seu lugar'", conta Tatiana.