Liselot Schönberg Kahns (1918-2015)
Homenageada pela coragem na 2ª Guerra
A Paris ocupada pelos nazistas, no início dos anos 1940, foi cenário de um heroico ato protagonizado por Liselot Schönberg Kahns. A jovem berlinense, que estudava na Sorbonne, fugira da Alemanha antes da 2ª Guerra (1939-1945) com os pais, judeus donos de grandes lojas no centro de Berlim.
Certo dia, carros da Gestapo –polícia política do regime nazista– aproximavam-se do prédio em que a jovem morava com os pais. O alvo era o vizinho dos Kahns: Rudolf Breitscheid, ex-líder do Partido Social-Democrata alemão e um dos principais rivais de Adolf Hitler.
Liselot, conta o filho Marcelo, notou os veículos chegando e conseguiu ajudar Breitscheid a fugir, escondendo-o em uma casa no sul da França. O político acabou sendo capturado mais tarde, e morreu em um campo de concentração, em 1944. O ato de Liselot, porém, não foi esquecido, e lhe rendeu homenagem da Prefeitura de Berlim.
À época, ela já morava no Brasil, onde chegou em 1942, no mesmo navio que trouxe o polonês Zbigniew Ziembi?ski, ator e diretor que revolucionou o teatro brasileiro. Ao descobri-lo no porão, Liselot, instalada na primeira classe e amante do teatro, passou a levar comida para ele.
Viveu inicialmente no Rio, mas se mudou para São Paulo após se casar com Ruvens –letão que veio ao Brasil fugindo do jugo soviético–, em 1945. Foi tradutora de alemão e habitué das quadras de tênis do Clube Paulistano.
Morreu no dia 12, aos 97 anos, vítima de uma pneumonia. Viúva há 15 anos, deixa dois filhos e um neto.