Homicídios caem 12% no Estado no primeiro semestre
Queda foi puxada pela Grande SP, com 20% de redução, contra 5% na capital
Taxa de casos por 100 mil habitantes é a mais baixa desde 2001, quando governo passou a adotar atuais critérios
O número de homicídios dolosos (com intenção de matar) caiu 12% no acumulado do primeiro semestre deste ano no Estado de São Paulo.
Foram 1.931 casos neste ano, ante 2.185 nos primeiros seis meses do ano passado.
Agora, a taxa de homicídio anualizada ficou em 9,38 por 100 mil habitantes –de julho de 2014 a junho de 2015. Segundo a secretaria, essa é a menor taxa desde 2001, quando o governo Alckmin passou a adotar os atuais critérios.
Para organismos internacionais, taxas acima de 10 homicídios a cada 100 mil habitantes são consideradas epidêmicas –quando os crimes estão fora de controle.
Os dados divulgados consideram a quantidade de casos de homicídios, e não a de vítimas. Um mesmo registro pode ter mais de uma vítima.
A queda neste semestre foi puxada pela região metropolitana, com 20% de redução.
Já a capital teve queda de 5% (de 560 para 530), ante 11% no interior do Estado.
Especialistas afirmam que a queda nos homicídios em SP deve ser comemorada.
"Mas ainda temos que diminuir os homicídios causados por intervenção policial, porque temos uma polícia que mata muito", disse o diretor-executivo do Instituto Sou da Paz, Ivan Marques.
No primeiro trimestre, 194 pessoas foram mortas em SP por policiais em serviço.
Marques apontou que a implantação de mais políticas de controle de armas e condutas de paz poderiam evitar mortes em brigas familiares e entre vizinhos, por exemplo, e melhorar os índices.
Conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Luis Flávio Sapori afirma que o principal motivo para a queda é o fortalecimento da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
"O tráfico de drogas parou de matar. Ele continua forte, mas há uma moralidade institucionalizada que não permite mais matar por qualquer motivo banal, como uma dívida de drogas", afirmou.
Para ele, a estrutura da facção deve manter baixa a taxa de homicídios nos próximos anos. "O PCC está se consolidando, e a monopolização do mercado das drogas ilícitas no Estado deve perdurar. Esse é um fenômeno que também ocorreu com as máfias na Europa", afirma Sapori.
Ele avalia que a diminuição nos homicídios em São Paulo é o fenômeno mais expressivo da segurança pública nacional nas últimas décadas.
Para ele, apenas uma mudança na legislação penal e processual será capaz de melhorar ainda mais esses números nos próximos anos.
Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a redução se deve ao combate ao tráfico e à resolução de crimes.