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Nota vem de ex-alunos de privadas, diz estudante da melhor pública da capital
Etesp tem alunos com nível socioeconômico 'muito alto'; apesar de boa nota, escola enfrenta problemas como falta de professor
A Etesp (Escola Técnica do Estado de São Paulo) obteve a melhor média no Enem de 2014, entre as instituições públicas na capital paulista.
Esse desempenho no ranking não surpreendeu Elizabeth Rodrigues, 15, aluna do 2º ano do ensino médio.
"Elizabeth com Z e TH, igual à rainha", orienta a adolescente sobre a escrita do seu nome. "Mas só o nome mesmo, já que sou uma das únicas da periferia aqui", diz.
Moradora do extremo leste da cidade e oriunda de outra escola pública, ela aponta a receita do sucesso dessa escola da região central da cidade: a maioria dos alunos vem de escolas particulares, já com uma base de ensino.
Essa hipótese de Elizabeth faz sentido quando cotejada com os indicadores da escola no Ministério da Educação.
O nível socioeconômico dos alunos é "muito alto", o mesmo dos dez colégios mais bem colocados do país –todos eles particulares.
Para estudar na Etesp, é preciso passar por um processo seletivo. Segundo a administração das escolas técnicas, 56% dos aprovados 2014 vieram de escola pública.
Guilherme Martins, 16, sempre estudou em colégio particular e diz que sua família teria condição de pagar uma instituição privada.
Contudo, para cursar o ensino médio, escolheu a Etesp. "Vim para cá porque sempre falaram que era a melhor escola técnica de todas."
No ranking geral do Estado, que inclui tanto privadas como públicas, a Etesp aparece na 32ª colocação.
Ainda assim, passa por problemas comuns a outras escolas públicas.
No início do ano, por falta de professores, alunos do 1º ano não tiveram aulas de história, e os do 2º, de espanhol.
Diretor do colégio, Nivaldo Freire diz que ninguém se inscreveu no concurso, por isso prorrogou as inscrições, em vez contratar temporários.
Segundo ele, novos professores foram contratados em seguida, e as aulas estão sendo repostas aos sábados.
Outra reclamação é a falta de material didático. "Quando chega, vem pouco, e a gente precisa se dividir", diz o estudante Gabriel Ribeiro, 17.
Responsável pela administração das escolas técnicas, o Centro Paula Souza afirma que a falta de livros didáticos ocorreu por um atraso no repasse do governo federal e que a direção solucionou o problema em uma semana.
De acordo com o diretor da escola, a Etesp comprou o material para os alunos que não tinham condição de pagar por ele.