Contra crime, USP promete poda de mato no campus
47 agentes cuidam do patrimônio de área com total de 3,6 milhões de m²
Chefe da segurança da universidade admite que há poucos vigias e promete melhorar também a iluminação
Todas as noites, na Cidade Universitária, 12 guardas vigiam uma área equivalente a 470 campos de futebol. Nos períodos da manhã e da tarde há, respectivamente, 19 e 14 agentes. A equipe tem, no total, 47 profissionais –eles revezam folgas.
O chefe de segurança da USP, professor José Antonio Visintin, admite que há poucos agentes, mas defende o novo modelo comunitário de segurança, inspirado num programa japonês, com a instalação de uma base física da Polícia Militar –atualmente, a corporação pode entrar no campus, onde mantém um trailer e faz rondas.
Na sexta-feira (7), o secretário estadual de Segurança Pública da São Paulo, Alexandre de Moraes, anunciou que os agentes que fizerem o policiamento serão PMs da mesma faixa etária dos estudantes, até 26 anos.
Visintin diz que a divisão igual de gêneros entre os PMs será priorizada.
Antes de ser implantado, o novo sistema ainda terá de ser discutido internamente.
Visintin diz que deu início nessa semana à poda de todos os arbustos e galhos de árvores da USP, medida que, segundo ele, é essencial para a segurança na universidade. "Vai ficar só grama", afirma, sem informar prazos. "É preciso ter uma visão muito ampla do campus."
Uma das maiores reclamações de alunos é a escuridão em locais como a praça do Relógio, onde ocorreu um estupro em junho. Visintin diz que a praça é um "ponto crítico" e promete que ela receberá mais iluminação. Outros locais escuros ficam na região do portão da Vila Indiana e do bandejão da prefeitura do campus (veja mapa acima).
PM NO CAMPUS
A entrada da Polícia Militar no campus não é um consenso entre alunos.
A medida é contestada pelo DCE (Diretório Central de Estudantes). "A PM não cumpre o papel de segurança fora da USP, não teria por que ser diferente dentro", diz Arieli Moreira, 25, aluna e integrante da diretoria do DCE. Para ela, a PM entra no campus para "coagir movimentos sociais".
Visintin garante que a PM comunitária não vai interferir em greves e protestos. "Nem vão tomar conhecimento", diz. "São nossos amigos."
O DCE defende um plano de segurança que inclua treinamento da guarda universitária de modo que ela não proteja apenas o patrimônio, a contratação de mais mulheres agentes (hoje, só há homens) e a instalação, no campus, de um centro de atendimento às mulheres.
A preocupação com a violência também mobiliza professoras da universidade. Há três meses, um grupo de cerca de 200 criou a rede Quem Cala Consente, instadas pelas denúncias de estupros na Faculdade de Medicina.
"O que nos mobilizou foi a cumplicidade com a impunidade por parte da USP", diz Vera Paiva, professora do Instituto de Psicologia. As professoras querem fazer uma campanha que aborde a questão do consentimento e capacitar professores para acolher alunas em situações de violência.