Ciclovias de Haddad têm exemplos extremos
Há rotas com bom piso e sinalização e outras sem segurança aos usuários
Vias municipais têm avançado sob crítica de falta de planejamento; duas pessoas morreram nesta semana nas áreas
Alvo de críticas após a morte de duas pessoas nesta semana, a malha de ciclovias da gestão de Fernando Haddad (PT) é feita de extremos.
Em especial no centro, há rotas bem sinalizadas, com piso de boa qualidade e interligadas. Mas, principalmente nas periferias, também existem faixas que colocam ciclistas e pedestres sob risco.
Na avenida Bento Guelfi (extremo leste), por exemplo, onde um menino morreu atropelado por um micro-ônibus no domingo, a ciclovia fica no centro da via, sem nenhum tipo de isolamento, como defendem especialistas no tema.
Lá, além de pouca fiscalização, a rota para bicicletas é frequentemente invadida por carros, ônibus e caminhões.
Em outro extremo da cidade, na rua Caio Graco da Silva Prado (zona sul), a ciclovia foi feita numa rua sem calçada. Na prática, virou caminho para pedestres e estacionamento para carros.
No centro da cidade também há problemas. É o caso da ciclovia da avenida Rangel Pestana, no Brás.
A via para bikes termina de repente no largo da Concórdia, deixando o ciclista desprotegido em uma avenida com alto fluxo de ônibus.
"É perigoso. Tem que ficar esperto com os ônibus, os carros e os pedestres", disse o camelô e também ciclista Rubens Santos, 20.
Do ponto de vista técnico, uma série de itens faz parte de um projeto ideal de ciclovia, como pista lisa, bem sinalizada e sem obstáculos.
Esse último item não é o caso da recém-inaugurada rota sob o Minhocão, onde ciclistas precisam desviar das colunas que sustentam o viaduto.
Na última segunda (17), foi logo após uma dessas colunas que um ciclista atingiu um aposentado, que bateu a cabeça no chão e morreu horas depois no hospital.
Já em avenidas que servem apenas um bairro, onde o volume de tráfego é menos caótico, a ciclovia ideal deve ser próxima ao meio-fio. Um bom exemplo disso na cidade é a rota da alameda Barros, em Santa Cecília, que também é sinalizada e tem bom piso.
Em grandes avenidas, como na Paulista e na Faria Lima, a pista de bicicleta deve ser separada dos carros –por meio de muretas, grades ou mesmo no canteiro central.
Mais caras, já que exigem intervenções nas vias, essas ciclovias têm sinalização e pisos melhores, mas exigem uma convivência mais afinada entre ciclistas e pedestres.
"Pedestre em ciclovia é complicado. Eles mudam de direção rápido", diz o vendedor Edivaldo Monteiro, 39. Usuário de diferentes ciclovias da cidade, ele recorre a um apito para chamar a atenção dos pedestres e evitar atropelamentos. Já a copeira Amara Ferreira, 47, critica os ciclistas. "Eles quase me atropelam várias vezes, não respeitam ninguém."