'A gente pensa em desistir', diz lojista assaltada 3 vezes
Um dos fatores decisivos para Daiane Freitas, 28, comprar uma perfumaria em Osasco (Grande São Paulo) foi a localização: a movimentada avenida Presidente Costa e Silva deveria trazer, além de mais clientes, segurança.
Ela adquiriu a loja em março do ano passado e, sete meses depois, foi assaltada pela primeira vez: um homem armado levou um notebook do local.
Em fevereiro deste ano ocorreu o segundo roubo. Dois assaltantes levaram R$ 7.000 em produtos da loja. Um mês depois, a porta do comércio foi arrombada durante a noite, e levaram R$ 1.500.
"A gente fica apavorada, pensa em desistir", diz Freitas, assustada com a sequência de três assaltos em um intervalo de menos de seis meses. Ela afirma que, quando vai fechar a perfumaria, às 19h, conta com o auxílio de um vizinho. "Tem que se ajudar, não pode dar bobeira."
Câmeras de segurança do local não foram suficientes para identificar os ladrões em nenhum caso.
RELÓGIOS
Na mesma avenida Presidente Costa e Silva fica a ótica de Paulo Alves da Costa, 68. Em 45 anos de profissão, ele foi roubado em quatro lugares diferentes da Grande São Paulo.
Duas vezes em Guaianases (zona leste da capital paulista), duas em Osasco, uma em Mogi das Cruzes e outra em Salesópolis.
Em Osasco, ele está há 21 anos. Ficou 18 em paz. Em 2012, porém, dois assaltantes armados entraram em seu estabelecimento e levaram seis caixas de relógio, que Costa comprara três dias antes por R$ 30 mil para revender.
"Prestei queixa e anunciei no jornal, mas nunca recuperei o prejuízo", conta o comerciante. Ele deixou de vender relógios por conta do valor chamativo. Um ano depois, foi assaltado mais uma vez no local. Dessa vez, os criminoso só roubaram colares.
As filhas levaram-no para morar em São José do Rio Preto (a 450 km de SP). Ele diz que voltou em seis meses porque não gostava da vida no interior. "Se você for fechar sua loja com medo, vai fazer o quê? Tem que trabalhar", afirma.
REAÇÃO
Na mercearia de Marleide Alves, 38, seu filho de 14 anos, que tomava conta do local, passou por alguns apertos. Da primeira vez, em março, levaram uma caixa de chocolate. Da segunda, uma semana depois, seu celular novo. Na terceira, Marleide os enfrentou. "Vieram uns meninos com a mão embaixo da blusa. Eu gritei: 'Estão com o que aí? Só leva se mostrar a arma.' Saíram correndo na hora", conta.
"Se tentarem me assaltar aqui sem nada, é mais fácil eu mesma roubá-los", afirma Marleide, citando uma reação que é desaconselhada por especialistas em segurança e pela polícia.