Apesar da seca, Cantareira recebe mais água
Na comparação com 2014, volume maior entrou no reservatório nos primeiros cinco meses da estação de estiagem
Mesmo com melhora, índice de chuva, que pode livrar Grande SP de um rodízio, está 25% abaixo da média
O volume de água que entrou no sistema Cantareira nos primeiros cinco dos seis meses da estação seca teve ligeira melhora em relação ao mesmo período de 2014.
Ainda assim, a entrada de água no principal sistema de represas de São Paulo está muito abaixo da média para o período entre abril e agosto.
Intimamente ligada ao desempenho da chuva (que está 25% abaixo da média), a melhora na entrada de água não foi capaz de livrar o Cantareira do volume morto (estágio emergencial, em que o estoque de água fica abaixo dos canos de captação).
Em média, entre abril e agosto deste ano, entraram 13 mil litros de água por segundo nas represas do Cantareira (que abastece principalmente a porção norte da Grande São Paulo). No ano passado, nos mesmos meses, entraram 10 mil litros por segundo. O esperado são 35 mil litros por segundo.
Nesta segunda-feira (31), o Cantareira estava com 12% de sua capacidade, incluindo duas cotas do volume morto.
O volume de água que entra nos reservatórios é um dos principais indicativos da "saúde" das represas. É baseado nesse índice, por exemplo, que o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, descarta a implantação de um rodízio (corte no fornecimento de água) em 2015.
Ao longo do ano, ele disse que a medida estava descartada, mesmo que a entrada de água no Cantareira fosse 20% menor do que a do ano passado. "É uma hipótese bastante pessimista", disse Jerson Kelman, em maio deste ano. "Mas, mesmo nessa simulação, nós conseguimos atravessar o deserto até a próxima estação chuvosa." O período de chuvas deve começar em outubro.
Mas, para livrar São Paulo de um rodízio, a Sabesp deverá continuar com uma série de medidas restritivas, como a diminuição da pressão nas tubulações da cidade.
A redução de pressão é feita para reduzir as perdas da Sabesp nas inúmeras falhas das tubulações. Mas o efeito dessa manobra é deixar milhares de pessoas sob um racionamento extraoficial, principalmente nos bairros mais altos e na periferia. Essa medida já impacta a população há mais de um ano.
Há bairros que ficam todos os dias até 20 horas sem água.
Outra medida que deverá livrar São Paulo do rodízio neste ano é a entrega de uma obra, que havia sido prometida para maio e está planejada para ser finalizada neste mês.
Com 80% dos trabalhos feitos, uma interligação de bacias deverá socorrer o sistema Alto Tietê (que abastece a porção leste da metrópole), que está com 13,8% de sua capacidade.
O Alto Tietê é o segundo maior reservatório da Grande São Paulo e foi o primeiro a socorrer o Cantareira, no início de 2014. Ele começou a enviar água para bairros que antes eram atendidos pelo Cantareira. Com isso, porém, o Alto Tietê passou a perder água muito rapidamente.
Para piorar sua situação, a bacia também foi atingida por uma estiagem que diminuiu drasticamente o volume de chuvas. E, com a seca, a bacia recebeu apenas 57% da água esperada para os cinco primeiros meses da estação seca.