Investimento de Dilma em saúde cai 32%
Gastos com obras e compra de equipamentos de janeiro a julho tiveram queda em relação a igual período de 2014
Entre as ações mais afetadas está a de criação de unidades para consultas com especialistas e exames
O gasto do governo federal com investimentos (obras e compras de aparelhos) na saúde caiu 32% nos primeiros sete meses de 2015 em relação a igual período do ano passado.
De janeiro a julho de 2014, o desembolso para construção de unidades de saúde e compra de equipamentos médicos chegou a R$ 2,5 bilhões. Neste ano, o montante não passou de R$ 1,7 bilhão.
Em meio à crise, o Ministério da Saúde sofreu um corte de R$ 13 bilhões em seu orçamento original, que era de R$ 121 bilhões para 2015.
Foi o segundo maior ajuste na Esplanada –superado apenas pelo da pasta das Cidades. Mesmo com o corte, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, dizia que a pasta havia sido "preservada" e não sofreria forte impacto.
Mas, na semana passada, quando o governo ensaiou ressuscitar a CPMF, Chioro mudou o tom ao defender que o novo tributo fosse exclusivo para a saúde. "Se não encontrarmos uma solução, municípios e Estados deixarão de cumprir o compromisso com a população", disse.
Entre as ações com maior queda na aplicação de recursos está a estruturação de unidades de atenção especializada em saúde, responsáveis por consultas com especialistas e exames. Essa é uma das áreas consideradas prioritárias pelo governo neste segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT).
Entre janeiro e julho de 2014, as verbas para essa área chegaram a R$ 495,9 milhões. Nos primeiros sete meses deste ano, o montante foi de R$ 252,3 milhões (redução de 49%). A construção de UBSs (Unidades Básicas de Saúde) também caiu 62%, de R$ 478 milhões para R$ 183 milhões em gastos efetivos.
Poucas ações tiveram crescimento nos gastos. A verba destinada à implantação e melhorias de sistemas de abastecimento de água em pequenos municípios, por exemplo, mais que dobrou –de R$ 47,5 milhões em 2014 para R$ 111,1 milhões nos primeiros sete meses deste ano.
O ministério nega queda e diz que a comparação só deve ser feita com o ano completo (leia nesta pág.).
Alguns Estados e municípios já reclamam da redução no fluxo de recursos.
A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (PA) afirma que a capital teve redução de repasses para investimentos e atraso no pagamento.
Em Maceió (AL), o subsecretário de Saúde, Joellyngton Medeiros, afirma que, diante da verba limitada, foi preciso diminuir o número de procedimentos como cirurgias plásticas e bariátricas, que não geram risco de epidemia.
O orçamento da Saúde é fortemente comprometido com gastos com pessoal e despesas administrativas (como compra de medicamentos). Os investimentos correspondem a 4% da previsão de desembolsos deste ano.