Marco da história do Rio, praça Mauá será reaberta após obras
Reforma iniciada em 2011 é parte de operação urbana que visa recuperar e modernizar a zona portuária
Criada nos anos 1900, praça foi o ponto final da primeira ferrovia do país, mas passou por período de decadência
Coração da zona portuária carioca, a praça Mauá, que marcou a revitalização do Rio no início do século 20, será reaberta ao público neste domingo (6) como parte da operação urbana Porto Maravilha.
No lugar das pedras portuguesas, o chão será de granito. Em vez da iluminação com luzes de mercúrio, pontos de LED. E seu calçadão, enfeitado com árvores e ampliado de 4.000 para 25 mil m², irá ligar o Museu de Arte do Rio ao do Amanhã.
A praça é também a primeira parada para turistas que chegam ao porto e terá uma das estações do bonde elétrico, ainda a ser inaugurado.
Para a revitalização, 250 operários trabalharam desde outubro de 2011. Além da superfície, agora desobstruída graças à derrubada do elevado da Perimetral, o subterrâneo também passou por modificações.
Por baixo da praça está o centro operacional do túnel Rio 450 anos, que liga o centro à zona portuária. Uma pequena abertura, restrita a funcionários, é o ponto de entrada para a central, que está a profundidade equivalente a um prédio de 15 andares.
O município não informa o valor gasto na reforma da praça Mauá por alegar que a obra está incluída na PPP (Parceria Público-Privada) da revitalização do porto, orçada em R$ 8 bilhões no total.
Segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a renovação da área pública é também uma restauração da história da cidade.
"A reinauguração da praça Mauá é um marco do reencontro da cidade com sua própria história, e mais um símbolo da revitalização do Porto Maravilha. Antes escondida sob as sombras da Perimetral, a praça se reinventa e se torna, pela primeira vez, um importante polo de cultura e lazer", disse.
Localizada no final da avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro do Rio, a praça surgiu como parte das grandes reformas promovidas pelo prefeito Pereira Passos (1902-1906).
No período, tiveram início as obras de construção do porto do Rio, considerado por muito tempo o maior da América Latina. Assim como toda a região portuária, a praça Mauá foi construída a partir de um aterro –seu primeiro nome foi praça da Prainha.
Depois, a praça ganhou arranha-céus, como o edifício "A Noite", inaugurado em 1929. Com a decadência do comércio do porto, a região virou ponto de prostituição e consumo de drogas.
#CIDADEOLÍMPICA
Na reinauguração, a estátua centenária de bronze de Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá, do escultor Rodolfo Bernardelli, ganhará a companhia de outra escultura: uma "hashtag" de 25 metros com a inscrição #cidadeolímpica.
Jorge Caldeira, autor do livro "Mauá - Empresário do Império", explica que a estátua foi colocada no local em 1910 por ser ponto final da primeira ferrovia do Brasil, construída por Sousa.
"Ali, no dia da inauguração da ferrovia, ele recebeu o título de Barão de Mauá e, após sua morte, a praça foi renomeada em sua homenagem", diz Caldeira.
Durante as obras, a estátua do barão teve de ser retirada da praça pela segunda vez –a primeira havia sido em 1962, quando foi construído o elevado da Perimetral, demolido no ano passado, numa das principais obras da atual reforma da zona portuária.
Também como parte da reinauguração, artistas como Vik Muniz, Lírio Ferreira, Regina Silveira e VJ Spetto, entre outros, vão exibir trabalhos em prédios dos arredores da praça durante o mês de setembro.