Ney Salgado (1935-2015)
Pianista apaixonado por pizza
Foi em uma casinha da rua Sergipe, no centro de São Paulo, que começou a história de Ney Salgado com o piano, ainda na década de 1950, ao lado de colegas que hoje também compõem a elite da música clássica.
"Éramos todos amigos, e todos tínhamos as mesmas ideias. Estávamos com muita coragem para todo tipo de idealismo musical. E o Ney se destacava. Alto, boa pinta, era o nosso Apolo", conta o maestro Julio Medaglia, colega de estudos de Ney e amigo até os últimos dias.
De lá, Ney estudou em Viena e Genebra, antes de dar aulas em Washington e Brasília. Foram vários recitais e discos gravados, chegando a ser condecorado pelo governo da Polônia por sua interpretação de Chopin.
Mesmo após passar por várias cidades, mantinha sua paixão pela pizza paulista. "Descia no aeroporto de São Paulo e ia primeiro na pizzaria", brinca Medaglia. "A pizza era a solução de muitas melancolias para ele", completa a enteada Lúcia.
Foi no período em que deu aulas nos EUA que conheceu a violinista Valeska, sua companheira por 35 anos. Os dois se reencontraram em Brasília anos depois do primeiro encontro e permaneceram juntos até a morte de Ney.
Mesmo depois de aposentado das aulas, ele continuava dedicado à música. "Tocava diariamente, por muitas horas, até o final da vida. Até na última semana tocou, mesmo no estado avançado da doença", conta Lúcia, que afirma tê-lo como um pai.
Morreu no dia 4, aos 80 anos, após lutar contra um câncer. Deixa a mulher, dois filhos e dois enteados.