SP sente reflexos de terremoto no Chile
Edifícios foram esvaziados na avenida Paulista e aulas, interrompidas, após forte tremor a 293 km de Santiago
Bombeiros receberam 50 ligações; 'achei que fosse problema na estrutura do prédio', afirmou moradora
Reflexos de um terremoto com epicentro no Chile foram sentidos em São Paulo na noite desta quarta-feira (16).
Na região da avenida Paulista, prédios chegaram a ser esvaziados e aulas foram interrompidas devido ao tremor.
"A gente saiu de casa porque tremeu muito. Meu lustre ficou balançando. Cheguei a achar que fosse problema na estrutura do prédio", afirmou a cirurgiã-dentista Simone Borges, 38, moradora do 15º andar de um edifício próximo à Paulista.
O terremoto de magnitude 8,3 na escala Richter atingiu a área central do Chile, inclusive a capital, Santiago, e foi sentido ainda na Argentina.
Diante do abalo, foi decretado alerta de tsunami na costa da região, e pelo menos uma pessoa morreu em Illapel, a 46 km do epicentro –registrado às 19h54 (mesmo horário em Brasília) no litoral próximo a Canela Baja, a 293 km ao norte da capital.
Pela escala que mede a intensidade dos abalos sísmicos, terremotos acima de 8 graus são considerados muito fortes e podem provocar a destruição do local atingido.
Em São Paulo, os bombeiros informaram ter recebido cerca de 50 ligações referentes aos tremores na avenida Paulista, no Tatuapé (zona leste), na Vila Mariana (zona sul) e em Osasco e Guarulhos (Grande SP). Não houve relato de desabamento ou feridos.
'LABIRINTITE'"
Em um edifício da universidade Anhembi Morumbi na avenida Paulista, alunos se queixaram de tontura.
"Estava tendo aula no 9º andar. Comecei a tremer para um lado e pro outro, de leve. Achei até que fosse labirintite, mas todo mundo começou a falar que estava sentindo a mesma coisa. Foi engraçado no começo, mas dois alunos ficaram meio apavorados e saíram correndo", disse Júlia Barros Mattoso, 21, aluna do terceiro ano de marketing da universidade.
"Começaram a rolar mensagens de que era um terremoto no Chile, os alunos foram passando nas salas e todo mundo resolveu descer. Daí foi pânico, correria, a escada ficou lotada", afirmou.
A rotina nas salas de aula da faculdade Cásper Líbero, na Paulista, também foi afetada pelo tremor –parte dos alunos deixou as classes.
No prédio da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) na mesma avenida, funcionárias desceram, assustadas, vindas do 9º andar, após sentirem um tremor leve. "Elas disseram que as venezianas tremeram do nada", afirmou um funcionário da segurança.
Os porteiros do edifício Nações Unidas, na avenida Paulista com a rua Brigadeiro Luis Antônio, foram acionados por moradores do conjunto de 432 apartamentos.
"O tremor aconteceu em dois dos dez blocos" disse o porteiro Manoel Figueiredo. "Mas teve só uma senhora que ficou mais assustada ao ver o lustre balançar um pouco", disse Figueiredo, que nos 19 anos que trabalha no prédio nunca viu nada semelhante.
O abalo desta quarta foi percebido também em Santos, no litoral paulista –a Defesa Civil do município recebeu dezenas de ligações de pessoas narrando que tiveram tontura com os tremores e que houve falha na luz.
Os reflexos em cidades brasileiras, como em SP, já haviam ocorrido em terremotos anteriores –como em 2010, quando um de magnitude 8,8 seguido por tsunami matou mais de mil pessoas no Chile.
Segundo especialistas, esses efeitos no Brasil costumam ser sentidos nas regiões mais altas e prédios.