Salvador vive explosão de casos de roubo com morte e violência
Secretário estadual de Segurança culpa drogas e penas brandas
Felipe Rauta Cabral, 25, estava animado: após se formar em administração, embarcaria no mês que vem para uma pós-graduação na Holanda. Mas, no início de agosto, foi morto na porta da casa de uma amiga, em um bairro nobre de Salvador, por dois homens que roubaram seu carro.
Duas semanas depois, a estudante de medicina Marianna Teles, 22, foi assaltada e morta no bairro do Costa Azul, diante do prédio do namorado, a poucos quilômetros de onde Felipe morreu.
Os casos não são pontuais. De janeiro a agosto deste ano, outras 43 pessoas foram vítimas de roubo seguido de morte em Salvador.
Enquanto o governo baiano comemora uma redução no número de assassinatos nos últimos três anos, a maioria ligada ao tráfico, dados da Secretaria de Segurança mostram um avanço nos casos de pessoas feridas ou mortas devido à ação de assaltantes.
Em 2011, foram assassinadas 18 pessoas após assaltos, ante 50 em 2014. Este ano, somente até agosto, já são 45.
Os roubos qualificados, em que as vítimas são feridas, também cresceram: 1.704 casos em 2012 ante 4.845 em 2014. Este ano, até agosto, há registros de 3.439 vítimas.
"Estou vendo a minha e outras famílias serem desestruturadas em casos semelhantes", diz o empresário Amaro Jorge Cabral, pai de Felipe.
A situação também preocupa o turismo. Em abril deste ano, um espanhol foi morto depois de ser assaltado na saída de um restaurante.
EFEITO CRACK
Além de mais violentos, os roubos estão mais frequentes em Salvador. De 2011 a 2014, saltaram de 30.074 para 38.745, alta de 30%.
Para o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Barbosa, o crescimento dos roubos é um fenômeno nacional, e o aumento da violência dos ladrões está ligado a drogas como o crack.
Barbosa afirma que tem reforçado as investigações para identificar receptadores de produtos roubados.
O secretário aponta ainda mudanças recentes no sistema legal como incentivo à reincidência de crimes. A principal, diz, foi a substituição de prisões preventivas por fiança ou penas como restrição para frequentar certos locais. A medida visa reduzir o número de presos em delegacias.