SP e Rio dizem agir para baixar letalidade
Gestão Alckmin exalta resolução para aumentar eficiência de investigação
Citado como exemplar por baixo número de vítimas, DF afirma rejeitar 'cultura do enfrentamento'
As secretarias de Segurança de São Paulo e do Rio dizem que estão adotando medidas para tentar reduzir a letalidade policial.
No caso do governo Geraldo Alckmin (PSDB), a pasta afirma apostar em uma resolução deste ano que passou a exigir, além da perícia, equipes das Corregedorias e comandantes na região de mortes com confrontos "para melhor preservação do local dos fatos e eficiência inicial das investigações".
No caso do governo fluminense, de Luiz Fernando Pezão (PMDB), a secretaria cita a redução do número de fuzis no policiamento –arma de maior letalidade e que em SP só é usada em unidades especiais, e não no patrulhamento comum.
A secretaria paulista afirma ainda prever a imediata comunicação ao Ministério Público dos casos envolvendo policiais e que a letalidade da PM caiu 11,2% entre abril e julho, em relação ao mesmo período de 2014. De janeiro a junho, porém, houve crescimento recorde.
"Vale ressaltar que São Paulo está entre os Estados mais transparentes na divulgação de índices criminais, sendo um dos poucos que contabiliza, entre outros quesitos, as mortes provocadas por policiais em folga", diz trecho da nota.
Já a secretaria do Rio ressalta ainda a criação de Centro de Formação do Uso Progressivo da Força para a redução dos índices criminais.
Apesar do aumento da letalidade em 2014, ela ressalta que esse número está 45% abaixo do patamar de 2006.
Segundo a pasta, a partir de 2008, ano da primeira Unidade de Polícia Pacificadora, os homicídios por intervenção policial apresentam queda (nas áreas de UPP, de 85%) e "estudos apontam que a pacificação" contribuiu para reduzir as mortes em confronto.
SEM ENFRENTAMENTO
Na outra ponta da gangorra, o Distrito Federal, com os menores indicadores de letalidade policial, é apontado como exemplar pelo Fórum Brasileiro de Segurança.
Lá, segundo o secretário da Segurança Pública e da Paz Social, Arthur Trindade, há nas próprias instituições uma cultura de não violência. "A pergunta que todos me fazem é se é isso mesmo: taxa média de três civis mortos por ano em confrontos. Aqui não há uma lógica do emprego do policiamento para confronto, essa cultura do enfrentamento. O policiamento é feito seguindo outras estratégias."
Além disso, as corregedorias trabalham de forma dura e todas as mortes por policiais são registradas como homicídio, não como resistência seguida de morte. (ROGÉRIO PAGNAN)