Marina Baird Ferreira (1922-2015)
Deixou os números para se dedicar às letras
A vida de Marina Baird Ferreira pode ser dividida entre a exatidão dos números e a interpretação das palavras.
O apreço pelos números aconteceu ainda na escola, e a motivou a estudar contabilidade e estatística, profissões com poucas mulheres no final dos anos 1930.
No início da década de 1940, no entanto, deixou o Norte do país para trabalhar no Banco de Londres, no Rio de Janeiro, e conheceu Aurélio Buarque de Holanda Ferreira e a magia das letras.
Ele já era dicionarista, mas dedicado ao trabalho de outras pessoas. Apenas na década de 1970 lançou seu primeiro dicionário, o Aurélio.
Dona Marina se tornou assistente do marido e virou guardiã da obra depois da morte dele, em 1989, após 46 anos de casamento.
"Trabalhava como aprendeu com ele, observando, anotando, lendo, pesquisando, estudando", diz Valéria, que trabalhou com dona Marina por dez anos. Ela definia palavras como se 'capturasse borboletas no ar', completa Valéria, citando frase usada pelo próprio Aurélio.
Apesar de trabalhar em um escritório montado em sua casa, dona Marina se preocupava em manter o profissionalismo. Sempre arrumada, recebia sua equipe às 8h pontualmente, e nunca encerrava antes das 16h.
Começou a diminuir o ritmo de trabalho só na década de 1990, mas continuou cuidando do legado do marido, tendo inclusive escrito um dicionário próprio: "O Aurélio com a Turma da Mônica".
Morreu no dia 27, aos 93, em decorrência de problemas cardíacos. Deixa dois filhos, cinco netos e três bisnetos.