Crise da Água
Em 5 dias, represas mais secas têm 1/3 da chuva de outubro
Temporada úmida começa com volume acima da média nos reservatórios do Cantareira e do Alto Tietê
Mas os dois mananciais estão longe de deixar a situação crítica; água do volume morto segue em uso no Cantareira
O início da temporada de chuvas, que vai de outubro a março do ano que vem, deu um bom sinal aos dois reservatórios em situação mais crítica na Grande São Paulo.
Só nos cinco primeiros dias, tanto o Cantareira como o Alto Tietê já receberam um terço de toda a chuva esperada para o mês inteiro de outubro.
O cenário mais grave está no Cantareira, o principal manancial da região metropolitana. Antes do agravamento da crise, no início de 2014, abastecia casas de 9 milhões de pessoas, mas hoje atende cerca de 5 milhões.
O Cantareira, atualmente com 12,9% de sua capacidade, só consegue operar com a ajuda de bombas que retiram água do fundo das represas.
Conhecida como volume morto, essa reserva de água tem sido usada desde maio de 2014 de forma emergencial.
A torcida do governo Geraldo Alckmin (PSDB) é que até o final de março o Cantareira acumule água suficiente para ultrapassar os 22% de capacidade e, dessa forma, volte a um nível no qual seja possível captar água sem a ajuda de bombas extras –ou seja, sem o uso do volume morto.
O Alto Tietê sofreu um forte desgaste nos últimos meses porque, após manobras na rede de abastecimento, teve parte da água de suas represas empurrada para bairros das zonas norte e leste, originalmente atendidas pelo sistema Cantareira.
A solução encontrada pelo governo tucano para manter esse socorro sem sacrificar ainda mais o Alto Tietê foi construir às pressas uma interligação de 9 km de adutoras que, desde a semana passada, está transferindo 4.000 litros de água por segundo do cheio sistema Rio Grande para uma represa do Alto Tietê.
TEMPORADA
No Sudeste, a temporada de chuva começa justamente em outubro e traz a esperança de alívio para a seca que atinge São Paulo há quase dois anos.
O problema é que nos últimos dois anos, a temporada de chuva não veio como prevista. Em 2014, ela praticamente não ocorreu e, em 2015, chegou com atraso, em fevereiro, e foi muito breve.
Segundo Carlos Tucci, hidrólogo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é possível que as últimas semanas chuvosas no Sudeste possam indicar uma retomada dos padrões normais de chuva sobre São Paulo.
Tucci alerta que, apesar das boas notícias, a atual chuva está longe de livrar o Estado da crise hídrica.
"Deve demorar ao menos três anos, com boas chuvas, para que possamos sair dessa situação de crise", diz.
De acordo com a previsão do tempo, a aproximação de uma frente fria deve trazer chuvas à Grande SP no fim da quinta (8). Antes disso, no entanto, a tarde de quinta deve ser de forte calor, com termômetros chegando aos 32ºC.