Narto Sugaya (1930-2015)
Um nissei movido a curiosidade
Quando a televisão, o rádio ou o ferro elétrico dos moradores de Itaquera, bairro da zona leste de São Paulo, quebravam e a coisa parecia não ter conserto, era hora de chamar o seu Sugaya.
Filho de um casal de japoneses que chegou ao Brasil em 1922, o paulistano Narto Sugaya era movido a curiosidade –desmontava e remontava tudo em casa. Após terminar o ensino médio, fez um curso técnico e especializou-se no reparo de eletrônicos.
Era referência no bairro, inclusive para os concorrentes. "Os próprios técnicos vinham procurar meu pai, e ele resolvia o problema", lembra a filha caçula, Marisa.
A intenção era nomeá-lo Naruto, mas o funcionário do cartório teve dificuldade em entender o sotaque japonês do irmão de Narto, e assim a letra "u" acabou suprimida do nome –ficou original, admitia tanto o lado brasileiro da família quanto o japonês.
Contava que, para economizar sola de sapato, ia descalço para a escola primária, caminhando por um trecho de três quilômetros. Seu pai era o agrimensor Sugaya, que mapeou Itaquera nos anos 1920 e que, hoje, dá nome a uma rua do bairro. Narto foi um espectador das transformações da região ao longo do século passado. Viu as pequenas chácaras de sua infância cederem lugar aos prédios e ao asfalto.
De família liberal, não ouviu objeções quando disse que ia se casar com Ivone, filha de portugueses –ficaram juntos por 55 anos.
Morreu no dia 1º, aos 84 anos, após complicações decorrentes de uma peritonite aguda. Deixa a mulher, quatro filhos e cinco netos.