José Batista de Carvalho (1943-2015)
Batista, o fiel escudeiro da língua portuguesa
Quando tinha de ir até a redação em que era revisor freelancer, José Batista de Carvalho fazia questão de chegar munido de seu dicionário Houaiss, de capa dura e quase 3.000 páginas. Carregava na mochila o caudaloso volume, que preferia às versões digitais. Era um homem do papel –e do cigarro.
Tinha paixão pela revisão, área na qual atuou por quase 30 anos. Foi chefe do departamento de revisão e checagem da revista "Veja" nos anos 80. Mesmo após pedir demissão, seguiu fazendo trabalhos como revisor para a Abril e outras editoras. Para Batista, como era conhecido pelos colegas, o domínio da língua portuguesa era essencial para se viver bem.
Antes de se formar jornalista pela ECA-USP nos anos 70, trabalhou no Banco do Brasil no Rio de Janeiro. Baiano de Ilhéus, foi criado na Paraíba antes de se mudar com o pai para o Rio.
Após o golpe militar de 1964, participou da organização VAR-Palmares (Vanguarda Armada Revolucionária Palmares), que defendia a luta armada contra o regime. José Batista tinha um papel menor no grupo e nunca participou de ações práticas.
Isso não o impediu de, em 1969, ser preso e torturado por quatro meses na base militar da Ilha das Flores, em São Gonçalo (RJ). Comentou o episódio apenas uma vez, com Maria Goretti –que conhecera na Abril e o último de seus três casamentos–, enquanto se recuperava de uma cirurgia cardíaca. Ao ser solto, deixou o emprego no banco e veio para São Paulo.
Morreu no dia 8, aos 71 anos, vítima de um acidente vascular cerebral. Deixa quatro filhos e dois netos.