Maria Isabel Cardoso Pereira da Silva (1924-2015)
Dona de receitas irreproduzíveis
Maria Isabel não saía da concha, como se diz em Taubaté (a 140 km de São Paulo). Preferia o silêncio e a paz de casa à agitação das ruas. Viajou pouco –costumava visitar os parentes na pequena Redenção da Serra, na mesma região, e só.
Mas não era por ficar em casa que abria mão de estar bem vestida. A vaidade era uma de suas marcas registradas. Sobrinhas e primas a procuravam em busca de conselhos sobre roupas e aparência.
Era conhecida na família por ser uma cozinheira de mão cheia. Três receitas eram sua especialidade, lembra o filho Celso: risoto de frango, bife a rolê e rocambole de batata. "A gente tenta copiar e não fica igual", brinca ele.
Foi com a família para Taubaté na infância, quando Redenção da Serra já não dava conta da educação de Maria Isabel e seus oito irmãos.
Estudou até o antigo ginásio (hoje as séries finais do ensino fundamental), quando conheceu João Augusto, charmoso funcionário da secretaria estadual da Fazenda.
Casaram-se no final da década de 1940, e Maria Isabel passou a se dedicar à criação dos filhos –tiveram quatro. Anos depois, receberam em casa um rapaz de 14 anos que foi "abraçado como filho pela família", lembra Celso.
Ajudava seu marido na loja de armarinhos que João Augusto mantinha na cidade, e continuou tocando o negócio por cerca de seis anos após a morte dele, em 1992.
Morreu no dia 6, aos 91 anos, de causas naturais. "Foi se apagando, perdendo a vitalidade aos poucos", conta Celso. Viúva, deixa os filhos e um neto.