Associado a nazistas, Aécio diz que ignora Lula
Ex-presidente vê histeria nos adversários do PT
O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, afirmou nesta quarta-feira (22) que "ignora" ataques do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para o tucano, Lula tem exercido nesta campanha "papel inexpressivo" e "triste para sua biografia".
Em Belo Horizonte, Aécio foi questionado sobre ataques que vem sofrendo de Lula. No sábado (18), na capital mineira, o petista disse que o tucano é agressivo com mulheres e "filhinho de papai". Criticou-o ainda por ter chamado a presidente Dilma Rousseff (PT) de "leviana" e "mentirosa" em debates.
"Lula não está disputando a eleição, ignoro [os ataques dele]", disse Aécio. "Lamento apenas que um ex-presidente da República se permita cumprir um papel tão inexpressivo como esse que ele vem cumprindo no final dessa campanha eleitoral."
"É triste para sua própria biografia. Só quem perde com isso é ele. Ele apequena sua biografia com ataques torpes e absurdos como esse", completou, em referência à associação feita por Lula entre tucanos e nazistas. O ex-presidente disse: "Parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra".
Também nesta quarta, em Porto Alegre, o ex-presidente Lula criticou Aécio por ele ter usado a expressão "mar de lama" durante um debate. Em 1954, o termo era usado pelo então deputado federal Carlos Lacerda, principal opositor do então presidente Getúlio Vargas --que se matou com um tiro no peito em 24 de agosto daquele ano.
Lula afirmou que o clima de "histeria" na campanha eleitoral deste ano se assemelha ao que antecedeu o suicídio de Vargas. Disse também que os eleitores de Marina Silva (PSB) no primeiro turno têm a "obrigação" de votar em Dilma no segundo turno.
Em discurso para milhares de pessoas na capital gaúcha, o ex-presidente contou que leu o terceiro volume da biografia de Vargas, lançada neste ano pelo jornalista Lira Neto, e que ficou "horrorizado".
"A mesma histeria que a direita tinha contra Getúlio, nos anos 50, eu vejo estampada no discurso dos nossos adversários", afirmou Lula. Ele ainda ironizou o papel da imprensa, dizendo que os veículos claramente "não têm partido nem candidato".
MARINA SILVA
Aos militantes Lula pediu que se empenhassem na busca por votos de eleitores de Marina Silva, terceira colocada na disputa, a quem se referiu como "nossa querida companheira" --ela foi do PT.
"Todo mundo que votou na Marina tem obrigação moral e política de votar no Tarso [Genro, candidato petista ao governo gaúcho] e na Dilma. Não tem outro voto, porque votar no Aécio é votar no atraso", disse o ex-presidente.
No primeiro turno, quando estava na segunda colocação das pesquisas, Marina foi o principal alvo da campanha de Dilma na televisão e em discursos de Lula.