Eleições 2014
Lula sobe o tom e volta a chamar tucano de 'filhinho de papai'
Em ato no Rio, ex-presidente também atacou a revista 'The Economist', que declarou apoio a Aécio
Petista voltou à linha de frente da campanha depois de uma conversa com João Santana, o marqueteiro de Dilma
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quinta-feira (23) em um comício em São Gonçalo, na periferia do Rio, que os eleitores deixem os ataques de lado, mas voltou a provocar o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, chamando-o de "filhinho de papai".
"Ele [Aécio] ficou incomodado porque eu disse que ele era filhinho de papai. Mas foi uma grosseria [chamar Dilma Rousseff de leviana] típica de filhinho de papai. De gente que fala assim com uma empregada doméstica", disse Lula, referindo-se ao fato de que Aécio disse, no debate do SBT, no último dia 16, que Dilma estava sendo leviana.
"Será que esse candidato faria isso se o outro candidato fosse homem? Será que seria tão brabo assim? É um comportamento [de Aécio] de alguém que nunca trabalhou, nunca precisou lutar pelo salário", completou Lula.
No comício, o ex-presidente ainda criticou a revista britânica "The Economist", que, em editorial, defendeu voto em Aécio.
"Esses dias uma revista chamada The Economist' teve a pachorra, a desfaçatez de fazer uma matéria dizendo que tinha que votar no Aécio. Será que essa revista é imbecil? Se os banqueiros quiserem votar no Aécio, que votem, mas a Dilma é candidata do povo", disse.
Nos últimos dias, o ex-presidente tem subido o tom contra Aécio. Na terça (21), em Pernambuco, ele chamou o PSDB de intolerante.
"De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da Segunda Guerra Mundial. [...] Outro dia, dizia para eles: vocês são mais intolerantes que Herodes, que mandou matar Jesus Cristo".
Em outro ato, no último sábado (18) em Belo Horizonte, Lula afirmou que o negócio do presidenciável tucano com mulher "é partir para agressão, partir pra cima agredindo, porque acha que a coisa pega mais".
A participação do ex-presidente na campanha se intensificou nos últimos dias, depois que, nos bastidores, petistas cobraram uma ação mais enérgica dele.
Na primeira semana do segundo turno, Lula esteve distante e apareceu pouco até mesmo na propaganda na TV.
A Folha apurou que Lula voltou à ativa depois de um almoço com o marqueteiro João Santana, a quem cobrou mais calor na propaganda.
O encontro ocorreu após a exibição dos três primeiros programas do segundo turno. À mesa, o líder petista disse que as peças eram burocráticas, sem gente, centradas na imagem de Dilma.
Ainda segundo petistas, Lula sugeriu o afastamento do ministro Aloizio Mercadante da linha de frente, argumentando que ele sofria restrições na classe política.
O ministro Miguel Rossetto foi então recrutado para atuar como precursor, descascando abacaxis antes da chegada de Dilma aos Estados para as agendas de campanha.