Eleições 2014
Doleiro faz 'delação seletiva', diz laranja
Advogado afirma que Youssef omite nomes de integrantes do esquema
Doleiro e seu testa de ferro divergem sobre menção a políticos do PSDB, com os quais Youssef nega contato
O doleiro Alberto Youssef está fazendo uma "delação premiada seletiva", na qual não revela tudo o que sabe, segundo o advogado Haroldo Nater, que defende Leonardo Meirelles.
Nesta quinta (23), o advogado informou à Justiça que seu cliente aceita uma acareação com Youssef.
Meirelles diz ter sido laranja do doleiro ao ceder empresas para ele fazer remessas ao exterior, como o laboratório Labogen.
O principal ponto de discórdia entre os dois é se o doleiro pagou propina ou não a políticos do PSDB.
O advogado de Youssef, Antonio Augusto Figueiredo Basto, diz que seu cliente jamais fez operações para tucanos. Já Meirelles diz ter ouvido o nome do tucano Sérgio Guerra em conversa do doleiro. Ele conta também que o doleiro citou um político do PSDB do Paraná, cujo nome não pôde mencionar em audiência na Justiça nesta segunda (20) porque parlamentares só podem ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal.
A Folha revelou na última quinta (17) que o nome de Guerra foi citado no acordo de delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O executivo disse que o senador pernambucano levou R$ 10 milhões para ajudar a esvaziar a CPI da Petrobras em 2009.
Guerra, que morreu em março, era o presidente do PSDB naquele ano. A CPI acabou sem conclusões.
O advogado de Meirelles afirma que seu cliente diz ter ouvido várias conversas do doleiro com políticos. "Ele também viu muitos políticos no escritório." Meirelles contou à Justiça que ia praticamente todos os dias ao escritório do doleiro, em São Paulo. Ainda segundo o advogado, Meirelles afirma que várias pessoas do esquema ainda não apareceram nas investigações.
"O Youssef já mentiu antes e está mentindo de novo", afirma o advogado. O doleiro fez um acordo de delação premiada em 2003, no qual prometia entregar seus clientes, mas só forneceu o nome de políticos de segundo escalão do Paraná.
As investigações da Operação Lava Jato apontam que Youssef voltou ao mercado com uma clientela maior, com ramificações em estatais como a Petrobras e partidos como PT, PP e PMDB.
O advogado de Youssef diz que Meirelles terá de provar que seu cliente está omitindo fatos no acordo de delação premiada. "Como ele pode dizer que a delação é seletiva se ninguém conhece o que o Youssef realmente contou?", questiona.
Segundo Basto, "tem interesse político por trás dessas colocações".
DISPENSA DA CPI
Youssef pediu para ser dispensado de depor na próxima quarta-feira (29) na CPI da Petrobras, já que teria de ficar em silêncio. O acordo de delação premiada o proíbe de falar sobre as revelações que fez.