Boato sobre envenenamento de doleiro agita redes sociais
'Meu pai está bem', diz filha de Youssef, que foi internado no Paraná com angina; ministro da Justiça afirma que rumores são inaceitáveis
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, classificou de "deplorável" e "inaceitável" os boatos que circularam na internet de que o doleiro Alberto Youssef, envolvido no esquema de desvio de recursos da Petrobras, havia sido envenenado na carceragem.
Na tarde deste sábado (25), Youssef sentiu dores no peito e foi internado em um hospital em Curitiba (PR), onde está preso. Segundo o último boletim médico, ele tem um quadro provável de angina instável, condição grave na qual o coração não é irrigado corretamente com sangue e que pode levar ao infarto.
Por volta das 20h, uma hora após as primeiras reportagens darem conta de que o doleiro havia sido internado, comentários em textos de grandes portais insinuavam que ele havia sido envenenado. Pouco depois das 21h, mensagens começaram a circular no WhatsApp com imagens que "provariam" a veracidade do envenenamento.
Uma delas trazia o depoimento de uma pessoa identificada como Paula, que estaria no hospital a que Youssef foi levado. "Trocaram o plantonista que estava atendendo, abriram um novo prontuário escrito: paciente com queixa de dor torácica", dizia a mensagem. "Proibiram toda a equipe de entrar na UTI que ele tá (...). E tiraram o prontuário eletrônico dele do ar."
A outra mensagem, de um usuário chamado Lukinhas, vinha acompanhada de uma foto que seria do prontuário do doleiro. "Galera, estou de plantão em Curitiba, o doleiro Youssef acabou de ser internado vítima de envenenamento. Divulguem", dizia o texto. As mensagens eram falsas, mas foram repassadas como verdadeiras --não apenas no WhatsApp, mas também em outras redes sociais.
A partir daí, o boato continuou se espalhando até que a Polícia Federal emitisse nota à imprensa negando o ocorrido. Segundo a PF, ele foi internado por conta de uma queda de pressão arterial causada pelo uso de medicação para doença cardíaca. A revista "Época" publicou, em primeira mão, a foto de Youssef no hospital.
CHOCADO
O ministro da Justiça disse ter ficado "chocado" com os boatos: "Algumas pessoas diziam que o senhor Alberto Youssef teria sido envenenado e que tinha morrido quando nós sabíamos --e a Polícia Federal já soltou ontem à noite uma nota-- que, pela terceira vez, o senhor Alberto Youssef tinha sido levado ao hospital. Ele é cardiopata e a própria Samu da Prefeitura de Curitiba soltou uma nota dizendo o diagnóstico", afirmou Cardozo neste domingo (26), em São Paulo.
O ministro acrescentou que Youssef está no quarto "devidamente acompanhado de policiais": "No entanto, ainda continuam circulando na rede informações... Eu acho isso profundamente deplorável, nós vivemos numa democracia e os fatos têm de ser respeitados. A utilização de boatos tentando induzir eleitores numa última hora de uma votação é absolutamente inaceitável".
A filha do doleiro, a psicóloga Kemelly Caroline Fujiwara Youssef também desmentiu os boatos: "Está tudo certo. É mentira [que Youssef esteja morto]. Ele está bem, não morreu", disse a psicóloga, que mora em Londrina.
Acusado de participar de um esquema de corrupção na Petrobras, Youssef tem sido um dos nomes mais citados destas eleições. Na última semana, o doleiro disse em depoimento à Polícia Federal que Lula e Dilma tinham conhecimento do esquema de propina na estatal.
A reportagem perguntou neste domingo à filha do doleiro se ela chegou a conversar com o pai nesta manhã. Ela se limitou a reafirmar o que havia dito e pediu o "fim das especulações": "Eu não queria dar muita informação para vocês. Quero dizer que ele está bem, para parar este monte de especulação".