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Eleições 2014
Aécio diz que Dilma agora deve unir o país
Em pronunciamento de dois minutos em BH, tucano agradeceu aos que o permitiram 'voltar a sonhar com novo projeto' e relatou conversa com Dilma
Derrotado, mas com um capital político de 51 milhões de votos, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse que deixa a disputa "mais vivo do que nunca" e que o resultado da eleição impõe uma prioridade a Dilma Rousseff (PT): unir o país.
Num discurso de dois minutos e em tom sereno, o tucano agradeceu seus eleitores e disse que a campanha o permitiu "voltar a sonhar e acreditar na construção de um novo projeto".
"Cumprimentei agora há pouco a presidente reeleita, desejei a ela sucesso na condução de seu próximo governo e ressaltei: considero que a maior de todas as prioridades deve ser unir o Brasil em torno de um projeto honrado e que dignifique a todos".
Ao lado de seus aliados, entre eles o candidato a vice da chapa, senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), e o senador eleito, José Serra (PSDB-SP), Aécio voltou a usar uma mensagem de São Paulo que, segundo ele, "reflete o sentimento que tem hoje a minha alma e o meu coração: combati o bom combate, cumpri minha missão e guardei a fé".
Embora discreta, a fala de Aécio aponta para a determinação do mineiro em se manter na liderança da oposição pelos próximos quatro anos. "Mais vivo do que nunca, mais sonhador do que nunca, eu deixo essa campanha, ao final, com o sentimento que cumprimos o nosso papel".
O semblante dos tucanos era de abatimento. Aliado de primeira hora de Aécio, o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB-MG), estava com os olhos marejados quando o presidenciável subiu para fazer o pronunciamento.
Aécio aguardou o resultado da apuração no apartamento de sua irmã, Andrea Neves, em Belo Horizonte. Ao lado de políticos, familiares e amigos, como o apresentador Luciano Huck. Segundo pessoas que estavam no local, o candidato passou quase o tempo inteiro com a família e demonstrou tranquilidade.
Ele aguardou a abertura dos números oficiais de frente para a TV, abraçado com a mulher, Letícia Weber, a mãe, Maria Lúcia, e a filha mais velha, Gabriela. Como a apuração já estava adiantada no momento em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abriu os dados, assim que os números apareceram, Aécio admitiu a derrota.
Houve silêncio na sala. O próprio candidato rompeu. " É isso aí, bola pra frente, pessoal. Temos que continuar. Fizemos um bom trabalho".
Do lado de fora do prédio, dezenas de apoiadores esperavam o resultado. Eles foram chegando a partir das 18h, com cartazes, bandeiras e fotos de Aécio. Gritaram apoio a ele. No momento em que o resultado da eleição saiu, houve choro e revolta.
"É triste, é desesperador. Era a chance o Brasil mudar", disse a cabeleireira, Zila Porto, de 48 anos. "É o voto da fome, mas temos que respeitar", disse o engenheiro Cipriano Oliveira, 59, que puxou o hino nacional assim que a derrota foi confirmada.
Durante o dia, Aécio e seus aliados sonharam com a vitória. A pesquisa Datafolha, que indicou uma recuperação do tucano nos últimos dois dias da disputa alimentaram a esperança de uma virada na última hora, a exemplo do que ocorreu na passagem de Aécio do primeiro para o segundo turno.
Uma das maiores decepções com a derrota veio do berço político do tucano, Minas Gerais, onde ele perdeu a eleição para Dilma, por cerca de quatro pontos percentuais: 52% a 48%.
Para o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) o partido vai precisar fazer uma reflexão sobre esse resultado. O grupo de Aécio comandou o Estado por 12 anos, mas, agora, perdeu o governo para o PT.
Na saída do evento em que falou com a imprensa, Aécio recebeu um abraço de Pimenta da Veiga, candidato que escolheu para concorrer em Minas e que perdeu já no primeiro turno. "Lutamos, lutamos", disse Aécio ao aliado.