Brancos e nulos batem recorde no Rio
Proporção de eleitores que não escolheram nenhum dos candidatos a presidente foi a maior desde as eleições de 2002
Dilma e Aécio foram rejeitados por 13,3% dos eleitores; para governador, 17,4% não escolheram candidato
O Rio de Janeiro registrou neste domingo (26) a maior proporção de votos nulos e brancos de todo o país, tanto na eleição presidencial como para o governo estadual.
De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), 13,3% dos eleitores fluminenses que foram às urnas rejeitaram Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB).
Desde 2002, esta foi a maior proporção de votos nulos e em branco em uma eleição presidencial no Rio.
Na eleição estadual a taxa foi ainda maior. No total, 17,4% dos eleitores que compareceram à votação não optaram nem pelo governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB), nem pelo senador Marcelo Crivella (PRB).
Na disputa pelo Palácio Guanabara houve inclusive uma situação inusitada.
O total de eleitores que não escolheu candidato, somando abstenção, votos nulos e brancos, supera os que optaram por Pezão: 4.348.950 não votaram, ante 4.343.298 dos eleitores do governador.
Contudo, o número de abstenção pode ser superestimado, já que o cadastro do TSE não é atualizado com frequência, incluindo mortos que permanecem na lista.
Especialistas apontam como um dos motivos do alto número de votos nulos as manifestações de junho de 2013.
Para o cientista político Ricardo Ismael, os protestos conseguiram convencer parte do eleitorado a votar nulo.
Ismael afirma ainda que "falta renovação à política no Rio". "O PMDB está há muito tempo no poder e as possibilidades de renovação, como o Lindbergh [Farias] e o PSOL ainda são apostas."
Ele lembrou ainda que o aumento da votação do PSOL dificulta a atração destes eleitores por outros candidatos no segundo turno.
O cientista política Geraldo Tadeu, do instituto de pesquisa IBPS, diz ainda que o eleitorado fluminense tem características mais urbanas do que os demais Estados.
"Há uma postura crítica de eleitores que se mobilizam e pode rejeitar alguns políticos."