Eletricidade em choque
Evitar o desperdício abre janela para novos negócios
Patrocinadas pelo governo, empresas projetam redes inteligentes de consumo
Sistema permite ao cliente saber quanto cada prédio, andar, departamento, sala e até aparelho consomem
Enquanto todos os esforços se voltam à busca de novas formas de gerar energia, um outro mercado se expande a partir da oportunidade de criar mecanismos que permitam com que empresas e consumidores reduzam o consumo, evitando o desperdício de eletricidade.
Para a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) ganhos de eficiência poderão gerar uma economia de energia equivalente a 18% do consumo potencial em 2050, o que representará --se confirmado o prognóstico-- a capacidade de seis usinas de Itaipu.
Um dos motores dessa busca por eficiência deverá ser o aumento do preço da energia. Só para o consumidor residencial, a eletricidade ficou, em média, 16% mais cara neste ano. A seca e o socorro a empresas elétricas deve produzir novo reajuste no ano que vem. Com o limite de fontes mais baratas de energia, a geração deve lançar mão de projetos mais custosos, que chegarão cedo ou tarde à conta do consumidor.
Patrocinadas pelo governo, empresas já elaboram projetos de redes inteligentes de consumo, que permitirão, no futuro, que a energia seja cobrada de acordo com horário de uso. Gastou luz na hora do "rush" do consumo, paga mais.
Uma start-up que nasceu na USP (Universidade de São Paulo) está entrando neste mercado mesclando a velha sabedoria da vovó --vigiar e anotar o gasto-- com o que há de mais novo em tecnologia no mundo atualmente: a internet das coisas.
A empresa nasceu no ano passado e em 2014 deve alcançar um faturamento de R$ 300 mil, tendo como um de seus produtos um sistema que promete ao cliente saber quanto cada prédio, andar, departamento, sala e até aparelho consomem de energia.
Revelando os "gastões" e também a hora em que o consumo é feito, é possível traçar um plano para economizar.
"Se uma empresa descobre que está gastando muito à noite e não tem ninguém trabalhando à essa hora, pode estudar como reduzir o consumo nesse horário", exemplifica um dos sócios, Artur Polizel, 25, que deixou um emprego no mercado financeiro para se dedicar à empreitada.
Os cinco sócios, todos na faixa dos 20 anos, criaram a Dev Tecnologia com o intuito de desenvolver tecnologia que permita com que objetos sejam conectados à internet, sem cabos ou fios.
Ligados à rede, eles podem fornecer informações ao usuário, que aí pode tomar decisões mais precisas sobre como utilizá-los.
A empresa instala sensores nos quadros de luz e coleta informações de consumo e possíveis falhas no fornecimento. No futuro, prevê Silvia Takey, outra sócia, será possível monitorar também temperatura e umidade dos ambientes pela internet.
"Tirando a ineficiência dos edifícios é possível ter mais energia disponível e pagar menos", diz Takey.