Análise / Fontes alternativas
Vento também pode trazer melhorias sociais
Com custo em queda (e viabilidade em alta), energia eólica tem potencial maior em regiões ainda pobres do Brasil
O Brasil fez grandes avanços na substituição dos combustíveis fósseis. Em 2009, espantosos 85% de sua eletricidade usando recursos renováveis. Na vizinha Argentina, a porcentagem foi de apenas 29,2%, e no resto do mundo, 19,5%.
Esses números foram obtidos com pesado investimento em hidrelétricas, que geram 75% da eletricidade de fontes renováveis.
Enquanto isso, o potencial de energia eólica ficou praticamente inexplorado. No momento, o Brasil investe apenas US$ 5,42 bilhões na fonte, apesar do potencial estimado em 300 gigawatts (GW).
O investimento em projetos hidrelétricos, cujo potencial total de geração é mais baixo, 260 GW, ultrapassou os US$ 150 bilhões.
O plano decenal brasileiro para a expansão da geração de energia prevê que a capacidade instalada do setor hidrelétrico subirá de 84.8 GW para 119 GW até 2022, e que a capacidade de geração das demais fontes renováveis (eólica, pequenas hidrelétricas e biomassa) subirá de 15,3 GW para 38,1 GW.
Segundo recurso renovável mais competitivo no Brasil, a energia eólica tem visto cair seus custos de geração.
De acordo com o Conselho Mundial de Energia e a Bloomberg New Energy Finance, o Brasil tem o terceiro mais baixo custo do planeta, atrás da Índia e China.
As torres de energia eólica no momento tem entre 30 e 60 metros de altura, mas novas unidades a serem construídas atingirão os 100 metros, o que significa que poderão aproveitar o vento mais rápido e menos turbulento, gerando mais energia.
Para Elbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira da Energia Eólica, o mapa do potencial eólico brasileiro se concentra em áreas com indicadores sociais desfavoráveis, como Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Piauí e Ceará.
"Temos também a possibilidade de melhorar a qualidade de vida, a renda regional e o índice de desenvolvimento humano", disse Melo.
Mas o mais importante, em sua opinião, é que produzir energia eólica não forçará os pequenos produtores rurais a abandonar a agricultura e a pecuária. "Mudaremos completamente as vidas de famílias cuja sobrevivência depende do apoio de programas sociais", ela disse.