Meu mundo (quase) caiu
Empresários contam como mudaram para sobreviver ao ver que seu mercado iria acabar
Em 2009, um ano e meio depois de Rafael Assa, 35, lançar a marca Geonav para vender aparelhos de GPS para carros, o mercado já havia se transformado.
"Quando começamos, os aparelhos pareciam mágicos. Mas logo viraram carne de vaca. Em poucos meses surgiram mais de 60 marcas disputando para ver quem tinha o menor preço."
Assa e seu pai decidiram então olhar para as novas tendências. Eles viram que os iPhones começavam a ampliar sua participação no mercado e decidiram investir na fabricação e na venda de acessórios para smartphones.
Hoje, a companhia é cinco vezes maior do que quando decidiu mudar de rumo. Também foi escolhida para abastecer as lojas oficiais da Apple no Brasil.
Empresários precisam estar preparados para reinventar suas empresas quando o que antes era uma oportunidade de lucrar deixa de valer a pena, em especial em uma era em que o avanço tecnológico permite o surgimento de novos produtos e modelos de negócios rapidamente.
A Eletrônica Santana, que nasceu há 50 anos vendendo componentes eletrônicos como válvulas para televisores, é um exemplo de sobrevivência, de quem quase acabou junto com seu mercado.
No início dos anos 1990, com a abertura do Brasil às importações, a empresa paulistana teve de reduzir seu quadro de funcionários de 80 para 8 pessoas. Para os consumidores, passou a valer mais a pena comprar aparelhos inteiros novos do que adquirir os componentes da empresa, diz Rubens Branchini Martins, 39, diretor e filho do fundador da companhia.
Endividado, o negócio começou a se reequilibrar aproveitando a onda das privatizações: passou a vender produtos relacionados a telefonia e segurança eletrônica, mercados que cresceram naqueles anos.
A empresa tomou novo impulso em 2003, quando Martins decidiu apostar na criação de uma loja virtual, coisa que poucas companhias do mesmo porte faziam.
Hoje, a empresa tem cerca de cem funcionários e fatura R$ 35 milhões por ano.
QUEM MANDA SMS?
A Hanzo, empresa de marketing em celulares criada há dez anos, tem feito a transição de forma gradual, abrindo um mercado ao apagar das luzes daquele que sustentou o negócio até agora.
A companhia teve de se adaptar ao fato de que o SMS, sua principal plataforma para envio de publicidade, está em decadência, sendo substituído por aplicativos como o WhatsApp.
Para sobreviver, usou a sua plataforma de gerenciamento de campanhas para criar um outro sistema, pelo qual clientes podem ter seus próprios apps para fazer promoções, pesquisas e programas de fidelidade.
Federico Massamormil, 45, diz que a receita com os SMS, que continuam sendo enviados, está em queda desde 2011. Essa perda já foi compensada pelos ganhos com aplicativos.
"Vimos gigantes da tecnologia, como a Nokia e a Motorola, caindo por não se adaptar às mudanças. Quem trabalha com inovação tem de se preparar para elas."