Com alta do dólar, fundos cambiais lideram investimentos em 12 meses
Bolsa se recupera em janeiro, e fundo de ações avançam 5,28%; em 12 meses, alta é de 6,5%
Perspectivas seguirão nebulosas nos próximos meses até definição sobre juro nos EUA, dizem analistas
A alta de 22,3% do dólar nos últimos 12 meses favoreceu a aplicação em fundos cambiais, que lideraram o ranking de investimentos da Folha. Os fundos cambiais tiveram valorização de 17,35% em 12 meses após o desconto do Imposto de Renda.
No mês, a alta do dólar foi de 6,3%, e a dos fundos cambiais, de 4,65% (sem IR).
Os fundos cambiais, que costumam ter taxa de administração elevada, são uma alternativa para diversificação de investimentos e de proteção cambial para pessoas com despesas em dólar. O dólar acelerou o ritmo de alta após o ministro Joaquim Levy (Fazenda) ter falado, no fim de janeiro, que não manteria o real artificialmente valorizado, além de fatores externos como a perspectiva de alta de juros nos EUA.
Vale lembrar que, quando o brasileiro "dolariza" uma aplicação, abre mão dos juros elevados do país. Os fundos de renda fixa tiveram valorização de 9,69% em 12 meses (sem IR), enquanto os fundos DI se valorizaram em 9,21% (após IR) no período. No mês, a alta foi de 0,50% e 0,57%, respectivamente.
O ouro subiu 2,94% no mês e 13,68% em 12 meses, seguindo a valorização do dólar e as tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Ucrânia.
AÇÕES
Já os fundos de ações livres subiram 6,5% em 12 meses --o pior desempenho entre as aplicações em 12 meses, após o desconto de 15% de IR. No mês, a alta foi de 5,28% (sem IR). Em janeiro, a alta ocorreu na esteira da melhora nos mercados internacionais, principalmente nos EUA, além da perspectiva de acordo sobre a dívida grega.
No entanto, a perspectiva para os próximos meses continua nebulosa, segundo Luciano Rostagno, estrategista do Banco Mizuho.
"Com a expectativa de recessão, o retorno dos investimentos produtivos [em ações de empresas] deve continuar caindo pelo menos durante a primeira metade do ano. O governo está sendo obrigado a recompor parte dos preços para tentar colocar as contas públicas em uma trajetória sustentável."
A poupança rendeu 0,52% em fevereiro e 7,01% em 12 meses, perdendo para a inflação. O IPCA subiu 7,14% nos últimos 12 meses (até janeiro, último dado). Para fevereiro, a mais recente previsão do mercado é de alta de 1,04%.
Para os próximos meses, a dúvida sobre quando os EUA elevarão os juros deve causar volatilidade na Bolsa e nas moedas, segundo Carlos Pedroso, economista do Banco de Tokyo-Mitsubishi.
"Outra fonte de volatilidade vai ser a questão fiscal. Março é um mês-chave para a questão, com votações no Congresso de leis e do Orçamento de 2015", ressalta.
"A economia só deve se estabilizar em 2016. A tendência é que ouro e dólar subam", disse Maurício Gaiote, analista da Ourominas.