Muito além do salário
Emprego dos sonhos
Recém-formados levam em conta os valores das organizações na hora de decidir onde trabalhar
Foi-se o tempo em que um bom salário era o suficiente para atrair e, principalmente, reter jovens talentosos nas empresas. A melhora geral na condição econômica na última década permitiu a uma boa parcela da população escolher onde trabalhar.
Atentas a isso, surgiram no mercado start-ups que conectam pessoas a trabalhos que façam sentido para elas.
"Os jovens, sobretudo, mas não só eles, não veem o trabalho só como um meio de ganhar dinheiro. Eles querem ver propósito no que fazem", diz Fellipe Bazilio, fundador da Biz.u com Rafael Chaves e Wagner Andrade. A empresa tem uma plataforma que não leva em conta só currículo e experiência profissional. O "match" considera vivências, valores e propósitos pessoais.
O candidato responde a 48 perguntas que dão pistas ao algoritmo da plataforma sobre quais ambientes corporativos combinam com ele.
No lançamento do serviço, em maio, havia oito empresas cadastradas. Em dez dias, eram 20. "Esperamos encerrar 2015 com cem empresas e 50 mil profissionais", diz Bazilio, que, junto com os sócios, investiu R$ 20 mil no negócio. A Biz.u contou com mais dois aportes, que totalizaram R$ 363 mil.
Há mais tempo no mercado está a 99Jobs. Fundada em 2013, a start-up não nasceu com foco nos jovens, mas acabou atraindo esse público.
Dos 410 mil usuários, 85% têm de 18 a 28 anos. "É uma geração que, por já ter as necessidades básicas atendidas, pode pensar no que faz sentido para ela", diz Alexandre Pellaes, porta-voz da empresa, que faturou R$ 1,3 milhão em 2014.
Ao entrar na plataforma, o candidato avalia o que considera mais importante: dinheiro, segurança, flexibilidade, impacto social, etc. A partir daí, a 99Jobs faz o cruzamento com dados das empresas para encontrar aquelas com valores semelhantes.
Ao contrário da Biz.u, que cobra da empresa anunciante, a 99Jobs é gratuita para o candidato e para quem contrata. A empresa-cliente paga por serviço de consultoria --são 2.100 empresas na plataforma, 20 com consultoria.
Também para atender o público que escolhe onde trabalhar nasceu a Love Mondays. Fundada pela brasileira Luciana Caletti e os irlandeses David Curran e Shane O'Grady, o site permite aos funcionários avaliar de forma anônima as empresas. "A ideia é levar mais transparência ao mercado", diz Luciana.
A Love Mondays, que tem quase 70% dos usuários na faixa de 18 a 34 anos, já recebeu comentários sobre mais de 45 mil empresas. Em breve, vai anunciar vagas, como já fazem Biz.u e 99Jobs. "Antes, as pessoas não tinham a intenção de ter satisfação pessoal com o trabalho. Hoje, a situação é outra."