Atalho
Jovem busca trainee para acelerar seu progresso
Pesquisa traça perfil dos profissionais escolhidos por grandes empresas
Há um ano e meio, Alessandra Oshiro, 28, é trainee no departamento de recursos humanos da Unilever. Antes disso, passou por outra multinacional, a Whirlpool, onde trabalhou desde que saiu da faculdade de psicologia.
Mesmo com um bom emprego, em 2013 ela decidiu se inscrever em três programas de trainee. "Vi que não havia oportunidades para crescer como profissional de RH generalista onde eu estava."
O motivo é o mesmo de grande parte dos jovens que buscam esse tipo de programa profissional, segundo a pesquisa realizada pela consultoria Across sobre o perfil do trainee brasileiro.
Dos 591 trainees pesquisados (em um universo de 6.000), 56% são homens, 65% têm entre 23 e 25 anos, 74% moram em São Paulo, 20% vêm de cursos de administração, 10%, de engenharia de produção e 8%, de engenharia química.
E a principal razão que leva esses jovens profissionais a escolher o trainee como porta de entrada para o mundo corporativo, ainda de acordo com a pesquisa, é a possibilidade de desenvolvimento acelerado de carreira.
"O objetivo do programa de trainee é ter jovens potenciais aptos para assumir cargos de liderança em um médio espaço de tempo, entre 24 e 36 meses", afirma Kiko Campos, CEO da Across.
Para isso, os programas costumam ter uma trilha estruturada de desenvolvimento com ênfase em experiências "on the job", mentoria ou orientação direta e treinamento formal.
CARGOS
Isso não quer dizer, no entanto, que todo trainee termine o programa com um cargo de gestão à sua espera.
"Atualmente não é mais assim", diz Campos. "As empresas estão dispostas a dar toda a oportunidade de desenvolvimento para o jovem talento, mas o tempo necessário para assumir uma posição de gestão, na grande maioria dos casos, vai depender da avaliação de resultados concretos apresentados pelo profissional."
Apostando na aceleração de sua própria carreira, Frederico Purini Nardi, 27 anos, se inscreveu em nada menos que 101 programas de trainee. Só ficaram de fora as empresas farmacêuticas, as de cigarro e as fábricas de bebida alcoólica --por critérios estabelecidos por Nardi.
Após três anos de trabalho na consultoria Deloitte, Nardi decidiu se aventurar no mundo das start-ups, primeiro como funcionário, depois como empreendedor. Só que os negócios não deram muito certo, e o dinheiro começou a ficar curto.
Foi então que Nardi optou pelo trainee, atraído, segundo ele, por um bom salário, pelos desafios e pelas possibilidade de gerar impacto com seu trabalho.
"Se eu conseguisse acelerar minha carreira, conseguiria impactar mais gente com o meu trabalho mais rapidamente", afirma.
Hoje, depois de concluir o trainee do Itaú, ele ocupa o cargo de analista pleno de produtos de investimento do banco.