Serviço diferenciado ajuda pequeno a crescer
Empresas menores oferecem de degustação a venda fiada para atrair consumidores
O orçamento mais enxuto e fluxo de caixa menor deixam as micro e pequenas empresas mais vulneráveis às turbulências da economia. A alternativa encontrada pelos empreendedores para não perder a clientela e resistir à concorrência dos grandes negócios é oferecer serviços adicionais e personalizados.
Na perfumaria Dermo Universo, em Osasco (SP), o comerciante Luís Morgensztern, 47, decidiu montar um "espaço degustação" para quem quiser testar os hidratantes.
"Conheço os hábitos do freguês melhor do que uma grande loja, tenho flexibilidade para diminuir a margem de lucro e faço a entrega dos pedidos em domicílio", diz Morgensztern, sobre suas estratégias para competir com as redes.
"Até vendo fiado aos mais chegados. Sabe o famoso caderninho de padaria? Tenho um igual", completa o empresário, que fatura R$ 18 mil mensais.
Para o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, 52, em tempos de economia desaquecida, os consumidores ficam mais seletivos em relação ao que consomem e onde compram.
"O pequeno negócio tem mais agilidade para se adequar ao novo perfil do consumidor e pode sair na frente", afirma Barretto.
Criado em 1999, o mercado J. Silva em Guarulhos (SP) teve de se adaptar ao cliente mais exigente quando dois grandes supermercados foram instalados a menos de três quilômetros de distância.
"O mercado ganhou um açougue e uma panificadora. Também implantei um sistema de manipulação dos alimentos, o uso de uniformes e vou fazer um cronograma de promoções", diz o dono, Edson Carneiro da Silva, 46.
O negócio cresceu e tem 30 funcionários, todos moradores do bairro. O faturamento mensal é de R$ 9.000.
Segundo Pedro Celso, 57, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), pequenos estabelecimentos, como o de Silva, podem facilmente sucumbir diante da concorrência, já que têm mais dificuldade de acesso ao crédito e à compra direta da industria.
"Os pequenos que sobrevivem são aqueles que conhecem melhor o consumidor e oferecem produtos mais a ver com as suas características", diz Celso.
Para oferecer um produto único, Heloisa Collins, 65, investiu R$ 1 milhão na criação de uma queijaria, um restaurante e um capril em Joanópolis (SP).
"Não vendo queijo, vendo a experiência de degustar um produto enquanto fazem um tour pela criação de cabras e conhecem o processo de produção. E aos que têm interesse em pernoitar na região, eu indico pousadas nos arredores", afirma a dona do Capril do Bosque.
FORÇA DOS PEQUENOS
As micro e pequenas somam mais de 10 milhões de empresas no país e representam 27% do PIB nacional, segundo dados do Sebrae.
Para estimular os consumidores a comprar dos estabelecimentos de menor porte, o instituto lançou o Movimento Compre do Pequeno Negócio, celebrado nesta segunda-feira (5).
A proposta, que atraiu mais de 145 mil empresas, é que elas usem faixas para identificar que aquele é um empreendimento pequeno, atraindo a atenção dos consumidores.
Caracterizado por um faturamento anual de até R$ 3,6 milhões, essas empresas geram 17 milhões de vagas. "As pequenas têm potencial de recuperar a economia porque geram empregos, desenvolvem a comunidade e oferecem bom atendimento e qualidade", diz Barretto.