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Confusão em campo amplia tensão política entre Sérvia e Albânia, cujas seleções podem ser punidas
Não foram as grandes seleções, como a Alemanha e a Holanda, as protagonistas nesta semana das eliminatórias da Eurocopa-2016.
As atenções se voltaram para Sérvia e Albânia --e não foi pela qualidade do futebol. O jogo em Belgrado na terça (14) terminou em confusão devido à tensão política entre os dois países vizinhos.
A partida foi paralisada (e posteriormente encerrada) ainda no primeiro tempo, quando o zagueiro Mitrovic, da Sérvia, tentou arrancar a bandeira albanesa de um drone que sobrevoava o campo.
Imediatamente, albaneses tentaram proteger o brasão, e torcedores invadiram o gramado, dando início à briga. Sem condições de jogo, o árbitro encerrou o jogo, que estava empatado em 0 a 0.
Nesta quarta (15), a Uefa, órgão que comanda o futebol na Europa, anunciou que abriu processo disciplinar contra Sérvia e Albânia.
Os albaneses podem ser punidos por terem decidido abandonar a partida, e os sérvios pela falta de segurança como mandante, no estádio FK Partizan, em Belgrado.
Autoridades sérvias interrogaram Olsi Rama, irmão do primeiro-ministro da Albânia, Edi Rama, sob suspeita de que ele tenha arquitetado a manifestação com o drone. Rama foi deportado logo após o depoimento.
Em Tirana, capital albanesa, milhares de torcedores foram ao aeroporto para recepcionar os jogadores, que foram tratados como heróis.
Quatro jogadores chegaram ao país com ferimentos, segundo fontes da Federação Albanesa de Futebol.
"O futebol deve unir as pessoas e o jogo não deve ser confundido com política. As cenas em Belgrado são imperdoáveis", disse o presidente da Uefa, Michel Platini.
Sérvia e Albânia são inimigos históricos. As tensões se tornaram mais graves após a guerra do Kosovo --a maioria da população da região que entrou em conflito com os sérvios pela independência tem origem albanesa.
A POLÍTICA DO FUTEBOL
A Uefa poderia ter evitado a confusão. A entidade ignorou a histórica tensão entre os vizinhos e permitiu que eles ficassem na mesma chave, o Grupo 1, do torneio.
Política diferente foi adotada pela entidade em três situações da próxima Euro.
A Uefa alterou o sorteio das equipes para que a Rússia não enfrentasse Ucrânia (devido à anexação da Crimeia pelos russos).
Recém-aceita como seleção independente pelo órgão, Gibraltar só não pode jogar contra a Espanha, país que não aceitou sua filiação.
O "jeitinho" para evitar que o futebol se torne palco de conflitos geopolíticos não é novidade. Desde os anos 1970, Israel não faz parte da associação asiática, onde estão seus principais inimigos.
Em 1991,o país foi aceito como membro da Uefa e, desde então, é considerado europeu pelo mundo da bola.
"O futebol não deve nunca ser usado para a exibição de mensagens políticas", escreveu no Twitter o presidente da Fifa, Joseph Blatter, sobre os problemas em Belgrado.
Em julho, a entidade multou a Argentina por exibir em amistoso pré-Copa uma faixa defendendo que as Ilhas Malvinas, de posse da Inglaterra, pertencem a seu país