Corinthians já discute sucessão de Mano
BRASILEIRO
Situação e oposição, que vão se enfrentar em eleição em fevereiro, irão se reunir para avaliar nomes
Antes de entrar na sala de imprensa do centro de treinamento, Mano Menezes passou por um radialista.
"O que houve com você?"
O jornalista estava encharcado. Havia caído em um córrego ao entrevistar torcedores que protestavam contra o técnico (leia mais ao lado).
"Caí no esgoto."
"Bem feito. Foi dar espaço para eles...", disparou.
A eliminação na Copa do Brasil para o Atlético-MG e as críticas seguintes deixaram o treinador bem irritado.
No vestiário do Mineirão, Mano chegou a colocar o cargo à disposição do presidente Mario Gobbi.
"Comuniquei ao presidente que não vou abandoná-lo. Também disse que poderia ficar à vontade para tomar uma decisão", explicou, descartando se demitir.
Ele sabe que dificilmente vai continuar no Corinthians em 2015. Gobbi, seu fiador, deixa o cargo em fevereiro, quando acontecem eleições.
Nos próximos dias, haverá uma reunião com as chapas que vão concorrer à presidência para tentar achar o nome de consenso para comandar o time. Tite é o mais aceito, mas não é unanimidade, principalmente na oposição.
Entre os adversários da atual diretoria, Oswaldo de Oliveira é citado como uma opção de salário mais barato.
Quando o encontro acontecer, outros serão especulados, como Vanderlei Luxemburgo, que sonha voltar ao Parque São Jorge.
Se tiver de sair do Corinthians, Mano quer que seja com a vaga na Libertadores assegurada. Isso lhe daria argumentos para exaltar o trabalho feito em 2014, mesmo sem a conquista de títulos.
O time está em 6º lugar no Brasileiro e precisa ficar entre os quatro primeiros. Neste domingo (19), enfrenta o Inter, em Porto Alegre.
A avalanche de questionamentos após a derrota para o Atlético-MG o deixou impaciente. "Você pergunta como quiser, eu respondo como achar melhor", disse, quando um repórter lhe pediu para falar sobre um assunto como se não fosse técnico do Corinthians.
Ele crê que a imprensa não deveria dar importância a temas que acabam ressaltando críticas ao seu desempenho, como o protesto organizado pela Gaviões da Fiel e a dança dos jogadores do Atlético, que imitaram o técnico após a vitória no Mineirão.
"Acho isso ridículo. Que se dê importância a isso, é muito ridículo", reclamou.
Contrariado com a repetição de perguntas, sobrou até para Felipão, seu sucessor na seleção. "A derrota não forma família. Você só ouve da história da família na hora da vitória. Não teve família neste ano, não é?", lembrou, em referência ao 7 a 1 na Copa e ao apelido de "família Scolari" do time campeão de 2002.
Mano havia feito ironia parecida ao vencer o mesmo Atlético por 2 a 0, no dia 1º.
Minutos antes, ele tinha dito que "tudo o que começa a cair no lugar comum, perde um pouco o sentido."
Outro efeito da queda ante o Atlético é a mudança do time. Contra o Inter, Jadson voltará à equipe titular na vaga de Malcom. Elias e Gil também retornam nos lugares, respectivamente, de Guilherme Andrade e Felipe.